Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Segunda, 14 de Outubro de 2024

Avianca será 11ª companhia aérea a fechar no Brasil

06/05/2019

Um leilão nesta terça-feira marcará o fim da Avianca Brasil, 11ª companhia aérea brasileira a encerrar as operações desde 2001 no país. A realidade da empresa retrata um cenário que não ocorre apenas no Brasil, onde uma aérea fecha a cada dois anos.

Neste ano, outras nove empresas aéreas endividadas deixaram de voar no mundo, desde pequenas, como a sul-coreana AirPhilip, até companhias mais relevantes, como a Jet Airways, que já foi uma das maiores da Índia. Nos EUA, American Airlines, Delta e United já recorreram a processos de recuperação judicial, mas conseguiram sobreviver.

Segundo o Estado de S. Paulo, entre os fatores que levam às companhias aéreas a tal situação estão margens baixas, necessidade de injeções volumosas de capital, contratos de longo prazo com arrendadoras de aeronaves e vulnerabilidade ao preço do combustível - e ao dólar, no caso brasileiro - estão entre os fatores que explicam a elevada taxa de mortalidade.

Ao jornal, o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, disse que "é uma indústria muito difícil no mundo todo". "Temos incerteza de curto prazo em relação à demanda e necessidade de tomar decisões de longo prazo, como o tamanho da frota. São decisões caras e difíceis de tomar."

Analistas afirmam que decisões equivocadas condenaram a Avianca, como a de não enxugar a frota em 2015 e 2016, período mais delicado da aviação brasileira desde os anos 2000. Nesses anos, a crise econômica derrubou a demanda por transporte aéreo e os custos foram pressionados pela alta do dólar e do petróleo.

A Gol, endividada, sobreviveu após uma renegociação com credores e devolução de aeronaves. Latam e Azul fizeram movimentos semelhantes em suas frotas e contaram ainda com novos recursos - a primeira vendeu uma participação para a Qatar e a segunda abriu capital. Mas para tentar ganhar participação no mercado, a Avianca não enxugou o número de aeronaves.

A companhia também entrou no mercado internacional, em 2017. Um voo para o exterior custa dez vezes mais que um voo doméstico. Logo, se o avião não sai lotado, portanto, o prejuízo é alto.

Os resultados da empresa nunca foram dos melhores devido, em parte, ao fato de ela voar principalmente em rotas disputadas por Latam e Gol.

Com aviões novos, mais eficientes e alta utilização da frota (em média voando 12 horas por dia, quando a média nacional era de 7 horas), a Gol estreou no mercado com um custo 40% inferior ao da Varig e da então TAM (hoje Latam). Enquanto a Varig quebrou ao resistir ao corte de custos, a TAM se salvou assim fazendo.

Numa tentativa de ganhar passageiros em rotas dominadas pelas concorrentes, a Avianca apostou em preços inferiores para passagens compradas de última hora, apesar de oferecer um serviço muitas vezes superior - e mais caro -, como comida quente.

Por outro lado, a Azul conseguiu entrar e se mantém no setor onde predominam a Gol e Latam. A receita foi fugir das rotas nas quais as duas estão presentes.