Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sábado, 12 de Outubro de 2024

Americanos vão poder tirar visto eletrônico para visitar o Brasil

25/01/2018

Bandeira dos Estados Unidos (EUA) (Foto: Stephen Morton/Getty Images)

À partir desta quinta- feira (25/01), visto americano planejando visitar o Brasil poderão tirar o visto eletrônico. O sistema vai encolher o prazo para que um viajante dos Estados Unidos obtenha o documento, que antes era de 30 a 40 dias, para até 72 horas. Cai também a taxa cobrada, de US$ 160 para US$ 40. Na esteira dessa facilitação de entrada ao estrangeiro — Austrália, Japão e Canadá já estão utilizando o novo modelo — o Ministério do Turismo (MTur) estima que o fluxo de visitantes desses países vai crescer em 25% ao ano, numa expansão que pode se traduzir em um aumento de R$ 760 milhões de receita anual para o setor, com base em dados de 2016.

"O visto eletrônico para os principais mercados estrangeiros (em que há exigência da autorização) está entre as principais demandas das empresas e entidades de turismo do país. Essa facilitação deve aumentar em 25% a chegada de visitantes dos países beneficiados pelo novo sistema. Os Estados Unidos são o segundo maior mercado emissor para o Brasil. Só em 2016 foram 575 mil americanos visitando o país. Para competir pelo turista internacional, temos de reduzir a burocracia e ampliar a conectividade", disse Max Beltrão, ministro do Turismo, que está em Nova York para encontros com jornalistas e profissionais do setor, além de participar de uma feira especializada.

A flexibilização da concessão de vistos a turistas estrangeiros integra as 50 propostas listadas em documento elaborado na primeira edição do ‘Reage, Rio!”, em agosto do ano passado. O documento traz os projetos que podem ajudar o estado do Rio de Janeiro a sair da crise.

Segundo o Rio Convention & Visitors Bureau (Rio CVB), em 2016, o turismo gerou R$ 11,1 bilhões em receita para a capital fluminense. “Devemos lembrar que os americanos mantêm o quesito viagem em seu orçamento anual, sendo um dos que mais gastam e permanecem por mais tempo em seu destino de férias. Com a facilidade do visto eletrônico, a expectativa é aumentar em pelo menos 20% a entrada destes visitantes em nossa cidade e, por consequência, a receita deixada por eles”, destacou a presidente da entidade, Sonia Chami.

Os Brasil recebeu 6,57 milhões de turistas internacionais em 2016, dado mais recente, avançando sobre os 6,30 milhões de 2015. O principal mercado emissor de visitantes para o Brasil é a vizinha Argentina, com 2,08 milhões de pessoas. Os EUA vêm na sequência, com 575,9 mil. Os americanos geram uma receita anual para o Brasil de US$ 710,5 milhões. Com o novo visto, a estimativa do ministério é que esse total salte para mais de US$ 888 milhões. Se o impacto econômico trazido pelos visitantes de Austrália, Canadá e Japão for somado ao dos americanos, a receita sobe de US$ 931,2 milhões, em 2016, para US$ 1,16 bilhão.

O ministro Beltrão pondera que a medida, de forma isolada, não é capaz de impulsionar o volume de chegadas de estrangeiros em linha com o potencial do Brasil para o turismo: "Em paralelo, estamos discutindo outros projetos que podem ampliar a conectividade do Brasil com turistas estrangeiros, como a política de céus abertos, o aumento da participação de capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras, a transformação da Embratur em uma agência de promoção, com acesso a mais recursos financeiros".

A promoção do Brasil no exterior é um ponto-chave nessa caminhada. Fortalecer a publicidade do país lá fora também entrou na lista de propostas do “Reage, Rio!”. Na prática, não há avanços nessa direção. Vinicius Lummertz, presidente da Embratur, destaca que o órgão vem trabalhando na divulgação direta à imprensa e junto a profissionais de mercado no exterior, sobretudo participando de feiras e eventos. Os recursos, contudo, estão encolhendo.

"Em 2017, a verba da Embratur para promoção do Brasil no exterior foi de US$ 17 milhões, enquanto na Argentina chega a US$ 70 milhões, na Colómbia a US$ 90 milhões e no México passa dos US$ 400 milhões. E a previsão para este ano é que essa quantia seja reduzida em 10%. O Brasil tem imenso potencial para fazer do turismo um vetor econômico para o crescimento do país. Essa indústria precisa entrar na pauta eleitoral", pondera Lummertz, que também está em Nova York.

Para Michael Nagy, diretor comercial do Rio CVB, mesmo com as dificuldades, o visto eletrônico vai colaborar para atrair mais visitantes ao Brasil e ao Rio: "Uma forma de sair da crise é gerando demanda. E a facilitação do visto terá esse efeito. Há empresas de turismo americanas que alegam não vender Brasil pela dificuldade com o visto. Isso acabou. Será um grande passo para a hotelaria e os segmentos de incentivo, congressos e eventos".