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Sexta, 11 de Outubro de 2024

Apenas 8% das empresas brasileiras têm uma mulher como presidente

19/10/2017

A dificuldade das mulheres em alcançar cargos de liderança é um problema conhecido e que se repete no mundo inteiro. Mas o tamanho dessa dificuldade no Brasil é uma questão polêmica. Há muitas pesquisas que tentam chegar a essa resposta, mas “faltava um estudo que pudesse ser replicável ano a ano, para mostrar como isso está evoluindo”, afirma Regina Madalozzo, professora do Insper e pesquisadora da condição da mulher no mercado de trabalho. Nesta quarta-feira (18/10), ela apresentou os resultados da pesquisa Panorama Mulher, realizado pelo Insper, em parceria com a Talenses.

O estudo foi feito com base nas 339 empresas que aceitaram responder ao formulário. O baixo número de participantes já foi um indício dos maus resultados que viriam. “Esperávamos que muitas empresas em todo o Brasil aceitassem responder a perguntas sobre a presença de mulheres na lideranças das empresas, mas não foi o que encontramos. Ainda há resistência”, disse Regina. Entre as companhias participantes, apenas 8% têm mulheres como presidentes e 17% como vice-presidentes. Nos conselhos, só 9% dos membros são mulheres. Mesmo em cargos de diretoria, apenas 21% são mulheres.

Para mudar esse cenário, Rodrigo Vianna, diretor da Talenses e membro da Aliança para o Empoderamento das Mulheres, destaca a importância de os líderes das empresas perceberem a importância da diversidade. “Há um aumento de produtividade claro nas empresas com mais mulheres nos cargos de liderança”, afirma. Regina concorda: “A gente está tão longe de encontrar um ambiente com igualdade de possibilidades que nem sabemos exatamente qual o potencial”

Vianna lembra que o fato de a alta liderança empresarial estar engajada na diversidade facilita o aumento do número de mulheres nesses cargos. Os dados corroboram essa visão. Nas empresas em que a presidente é mulher, há mais mulheres como vice-presidentes, membros do conselho e diretoras.

O estudo também apontou que nas empresas onde há conselhos de administração a presença das mulheres em cargos de liderança é menor. “Faz sentido. Como nossos conselhos são majoritariamente compostos por homens, fica difícil para uma mulher chegar à liderança”, diz Regina. Afinal, lembra ela, os conselhos tendem a impor sua visão sobre o restante da empresa.

Amostra

 

Das empresas participantes, 78% têm sede nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. O tamanho das companhias da amostra é maior do que a média das empresas no Brasil. 57% das que participaram do estudo têm mais de 500 funcionários.