Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sábado, 21 de Setembro de 2024

Azul mantém estratégia centrada em Viracopos

16/10/2012

 

Avião da Centurion Cargo obstruiu pista do aeroporto de Campinas e impediu a operação de 15 aviões da Azul.
Após enfrentar o seu pior problema operacional em quatro anos de atividade, com 25 mil passageiros prejudicados por causa do cancelamento de 470 voos da noite de sábado até o fim da tarde de ontem, no Aeroporto Internacional de Campinas (Viracopos), a Azul Linhas Aéreas vai manter a estratégia de concentrar quase 100% da sua operação nesse terminal.
 
"Noventa e cinco por cento dos aeroportos do mundo têm apenas uma pista. Foi uma fatalidade, mas continuamos confiantes de que a nossa estratégia, em Campinas, é acertada e vitoriosa", disse o diretor de comunicação, marca e produto da Azul, Gianfranco Beting.
 
Durante a paralisação de Viracopos, 15 aviões da Azul, que está em processo de fusão com a regional Trip, ficaram inoperantes (o equivalente a quase um terço da frota). "O prejuízo foi de dezenas de milhões de reais", acrescentou Betting. A Azul responde por 85% da operação de Viracopos.
 
Da noite de sábado até o fim da tarde de ontem, um avião cargueiro MD11, com 67 toneladas de carga e 18 metros de comprimento, da Centurion Cargo, sediada em Miami, obstruiu a única pista de Viracopos, após ter apresentado um problema na aterrissagem, quando o pneu esquerdo do trem de pouso central furou. Com a explosão, houve uma fissura na pista e o avião teve avarias, conta Beting. "Acho improvável a recuperação desse avião. A turbina esquerda foi seriamente danificada", disse.
 
Curiosamente, diz o diretor da Azul, esse MD11 também apresentou um problema com o trem de pouso em Montevidéu, em outubro de 2009. Essa mesma aeronave foi operada pela primeira vez pela antiga Varig.
 
"O que aconteceu é uma fragilidade não da Azul, mas do sistema", afirmou o professor de transporte aéreo da Escola Politécnica da UFRJ, Respício Espírito Santo. Segundo ele, uma portaria de meados das décadas de 80 e 90 permitia que a pista de taxiamento de Viracopos pudesse ser utilizada para pouso e decolagem.
 
"Desde que ela [Azul] começou a crescer sem parar, porque ela não pressionou a Prefeitura e a Assembleia Legislativa de Campinas para se beneficiar dessa portaria? Essa é a parte dela na culpa do sistema", acrescentou Respício.
 
A operação em Viracopos só foi retomada por volta das 17h30 de ontem, quando o avião da Centurion foi retirado da pista. Em nota, a Azul informou que "embora as operações em Viracopos tenham sido liberadas, atrasos e cancelamentos ainda poderão ocorrer como consequência do processo de regularização da malha".
 
A Fundação Procon-SP fez ontem uma fiscalização em Viracopos, para apurar se "os consumidores estavam sendo respeitados". Também pediu um plano de ação para atender os passageiros.