Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quarta, 09 de Outubro de 2024

Companhias aéreas impedem embarque de cidadãos de sete países aos EUA

30/01/2017

As companhias aéreas começaram a recusar, neste sábado, o embarque de cidadãos de sete países para os Estados Unidos, horas depois de o presidente Donald Trump proibir a entrada de viajantes procedentes de Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Iêmen. O decreto foi assinado sob o pretexto de combater os "terroristas islâmicos radicais".

A companhia Qatar Airways informou a seus passageiros que os cidadãos dos sete países afetados pela decisão de Washington só poderão embarcar se forem residentes permanentes nos Estados Unidos. Em Teerã, veículos de comunicação reportaram muitos casos de iranianos que foram impedidos de embarcar para os Estados Unidos.

No Cairo, um casal de iraquianos e seus dois filhos, todos com vistos para os Estados Unidos, foram barrados em um voo da EgyptAir, com o argumento das novas normas migratórias, indicaram à AFP fontes aeroportuárias.

Encarregados de duas agências de viagem disseram ainda ter recebido instruções das companhias Emirates, Etihad e Turkish Airlines de recusar a venda de passagens, inclusive para cidadãos iranianos com visto de entrada nos Estados Unidos.

Uma jovem iraniana que estuda administração na Califórnia disse à AFP, sob a condição de ter a identidade preservada, que sua "passagem (de volta para os EUA) na Turkish, datada para 4 de fevereiro, foi cancelada".

Na primeira reação enérgica contra a medida da Casa Branca, o governo iraniano a qualificou de "insultante" e neste sábado anunciou medidas de reciprocidade e a proibição de entrada de cidadãos norte-americanos em seu território.

Irã e Estados romperam relações diplomáticas há 37 anos, mas, segundo estimativas iranianas, um milhão de jovens deste país estudam em território norte-americano. Além disso, muitos iranianos viajam regularmente para visitar familiares que emigraram.

Primeiras ações judiciais

Várias associações de defesa dos direitos civis acionaram, neste sábado, em território norte-americano, o decreto de Trump, após a detenção de dois iraquianos no aeroporto de Nova York.


Mohamed Eljareh, um pesquisador líbio que trabalha para o centro de análises Atlantic Council, teme que o texto assinado por Trump afete pessoas que viajam regularmente aos Estados Unidos para fins de trabalho ou estudo. "É provável que essa disposição impacte os estudantes líbios nos Estados Unidos e seus familiares, e também os pesquisadores com vínculos com universidades norte-americanas", disse.

A medida só exclui cidadãos com visto diplomático ou os que trabalham com estatutos similares, como, por exemplo, funcionários de organizações multilaterais como o Banco Mundial.

O decreto assinado por Trump também proíbe a entrada de mais refugiados sírios nos Estados Unidos. Este país recebeu 18.000 refugiados desta origem desde 2011.

"Somos refugiados. Qual é o problema de entrarmos legalmente nos Estados Unidos? O que fizemos?", lamentou Ibtissam Youssef al-Faraj, uma mãe de família síria de 41 anos em um campo de refugiados de Bekaa, no Líbano.

O ministério das Relações Exteriores sudanês "lamentou" a decisão e condenou que tenha sido tomada dias após a suspensão "histórica" de sanções econômicas ao país africano. Em 13 de janeiro, o então presidente norte-americano Barack Obama tinha anunciado a suspensão parcial das sanções ao constatar "progressos" da parte de Cartum, acusada no passado de apoiar grupos islâmicos armados.