As empresas precisam abordar com cuidado o assunto do tamanho de seus clientes. É um tema sensível para muitos. Mesmo assim, diversas empresas gostariam de conhecer o peso e a altura das pessoas que usam seus serviços.

A MasterCard registrou a patente de “um sistema, método e meio de armazenamento informatizado para avaliar o peso e a altura aproximados de seus clientes, com base em suas compras. Essas informações poderiam ser compartilhadas com as companhias aéreas e outras empresas de transporte para proporcionar mais conforto aos passageiros”. Em termos mais explícitos, a empresa pretende monitorar as compras de roupas e sapatos para calcular o tamanho e o peso de seus clientes. Esses dados ajudariam as companhias aéreas e outros meios de transporte, como trens e ônibus, a definir os assentos mais adequados para os passageiros.

Não se sabe ao certo como as companhias aéreas usariam essa informação. Em seu registro de patente, a MasterCard explicou que “para o conforto dos passageiros as empresas de transporte devem evitar que pessoas estranhas altas demais ou obesas sentem em poltronas contíguas”. Mas para os passageiros acima do peso que são discriminados ou encontram resistência ao marcarem seus assentos, essa informação da Mastercard pode ter um efeito ainda mais prejudicial.

Eles têm muitos motivos para se preocuparem. Há pouco tempo, um grupo de samoanos apresentou uma queixa ao Departamento de Transporte dos Estados Unidos pelo fato de a Hawaiian Airlines ter começado a pesar os passageiros, a fim de distribuí-los uniformemente pelo avião, porém apenas na rota entre Honolulu e a Samoa Americana. (Os samoanos têm uma das taxas mais altas de obesidade do mundo.) Outra patente recente, registrada pelo fabricante de aviões europeu Airbus, planeja criar assentos de largura variável, com o objetivo de dar às pessoas acima do peso a opção de pagarem uma taxa adicional para terem um assento maior.

A utilização das operações de compra dos clientes para avaliar seu peso e tamanho irá dificultar ainda mais a viagem de passageiros, já importunados pelas companhias aéreas com os mais variados tipos de informações pessoais. O registro da patente da MasterCard dizia que “as empresas de transporte podem perguntar aos passageiros quanto medem ou pesam”, mas acrescentou, “em geral as pessoas não dão informações precisas sobre seu físico. Por exemplo, algumas dizem que têm um peso abaixo do real, outras exageram seu peso e altura”.

A patente foi registrada em 2015, mas uma reportagem publicada na semana passada pelo site de viagens Skift, revelou que o registro só veio a público no início deste mês. É claro, diversas patentes são registradas sem uso prático e, portanto, não há razão para se preocupar com os planos imediatos da MasterCard de informar a altura e o peso aproximados de seus clientes às companhias aéreas.