Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 08 de Outubro de 2024

Viracopos propõe incentivo para criar novas rotas em transporte de cargas

28/10/2016

 

Em meio à crise que provocou redução das operações no terminal de cargas de Viracopos, em (SP), a concessionária que administra o aeroporto implementou nesta semana um programa de incentivo às companhias aéreas para a criação de novas rotas. A proposta prevê isenção de até 100% em custos de pousos e permitirá que elas testem novos mercados durante um período determinado, e em contrapartida proporcionem aumento na demanda pela estrutura. O diretor de operações de Viracopos, Marcelo Mota, explica que as operações do terminal de cargas representam 65% das receitas totais. Embora a expectativa do aeroporto seja fechar este ano com ganhos idênticos ao de 2015, quando houve alta de 14%, tratando-se apenas do fluxo de importações e exportações, o caixa geral foi afetado e a medida visa a capacidade máxima. "Se atingisse a capacidade máxima do terminal, cresceria em torno de 20% as receitas. A gente crê que consegue crescer em torno de quatro anos", avalia ao mencionar que a projeção já inclui o novo estímulo, mas está diretamente ligada às variáveis de desenvolvimento do país. Segundo ele, Viracopos já responde por ao menos 9% de todas as cargas movimentadas no Brasil.Como vai funcionar? O programa será mantido até dezembro de 2017 e inclui empresas que operam aeronaves "puramente cargueiras" e que estabeleçam nova frequência ou rota internacional em que Viracopos seja origem ou destino. Além disso, é preciso regularidade nas operações mensais. Com isso, companhias que já operam em terão 100% de isenção da tarifa de pouso durante 12 meses, caso criem frequência adicional; enquanto que, para novas rotas, o incentivo será de 100% de isenção da taxa nos primeiros 24 meses de operação, informou a concessionária. Mota aposta que a medida garante mais segurança para as empresas investirem. "Elas têm investimento inicial de fazer contratação de tripulação, montagem da base, "leasing" (aluguel) da aeronave, mas se a rota é rentável ela distribui esse custo ao longo da operação por 20, 30 anos. Não é tão relevante dizer se isso custa R$ 10 milhões, qualquer que seja o número [...] O problema é se ela achar que a rota é viável e não ser. Daí tem todo o investimento e, seis meses depois ou um ano, ela suspende. Isso é um prejuízo muito grande." Segundo ele, o programa de incentivo que será apresentado na França durante Air Cargo Forum & Exhibition 2016, nesta semana, é calculado em práticas internacionais. Para ele, a medida deve permitir expansão do mercado e elevar a rentabilidade do terminal de cargas de Viracopos. "Um cargueiro representa a mesma lucratividade de 15 a 20 voos de passageiros, então é muito interessante. Começamos então a consultar empresas aéreas, por exemplo, asiáticas que têm pouca participação aqui. Com isso, podemos sugerir uma ponte, mostrar mais oportunidades", destaca Mota. Viracopos tem 23 empresas áreas cargueiras que atendem 175 país de destino e 148 de origem. Diariamente, segundo o diretor, média de 13 cargueiros pousam no aeroporto. Impasse e busca por reequilíbrio Ao G1, Mota também comentou sobre o pedido feito pela concessionária à Justiça, em abril, para suspensão do pagamento da parcela anual da outorga - valor devido ao governo pelo direito de operar o aeroporto. Segundo ele, a taxa é de R$ 182 milhões e o acerto envolve um pedido de reequilíbrio econômico feito à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde o ano passado. "Devemos ao governo, mas, por outro lado, a Anac reduziu a tarifa de nacionalização das cargas em outros aeroportos de R$ 0,50 para R$ 0,08 por quilo. Nós fizemos nosso plano de negócios antes [à época da concessão] e depois houve essa alteração unilateral. Ela [Anac] reconhece que isso enseja uma "indenização" e projetamos perdas de R$ 462 milhões em 30 anos", explica o diretor. Segundo ele, desde 2012 estima-se prejuízo estimado de pelo menos R$ 70 milhões. "Por que vamos pagar [outorgar], se nos devem também? Está na sexta prorrogação para cálculo do reequlíbrio", afirma. Segundo ele, a expectativa é de que o impasse seja resolvido até 6 de dezembro pela Anac, e por enquanto não houve decisão sobre o pagamento da outorga. Fluxo no terminal Viracopos contabilizou 35,4 mil toneladas de materiais exportados de janeiro a agosto, alta de 0,4% no comparativo com o ano passado. Neste mesmo período foram registradas 64,9 mil toneladas de produtos importados, retração de 21,6%. Caso a tendência seja mantida, o terminal pode fechar o ano com a. "O quadro econômico está mudando, mas é preciso tempo. A estratégia é concentrar em mercadorias de alto valor agregado, porque a receita é vinculada ao valor e peso", avalia Mota. Sem previsão Sobre o pedido de reequilíbrio financeiro mencionado pela concessionária de Viracopos, a assessoria da Anac alegou que eles estão em análise e não há prazo para a conclusão.