Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 08 de Outubro de 2024

Companhia aérea cria zonas em que crianças não são permitidas nos aviões

19/10/2016

Muitas ficam inquietas porque é difícil ficar horas em um assento. Além de a família ficar desconfortável, essa situação pode se tornar incômoda também para o passageiro que senta ao lado de um pequeno que não para de chorar, por exemplo. Pensando nisso, uma companhia aérea indiana especializada em voos de baixo custo, chamada IndiGo, recentemente anunciou a criação de "zonas de tranquilidade", espaços onde crianças não são permitidas, em suas aeronaves.

Essas áreas especiais foram implantadas na maioria das aeronaves que a IndiGo opera. Elas ocupam as fileiras de 1 a 4 e de 11 a 14, onde menores de 12 anos não podem mais se sentar. Em nota, a companhia aérea explicou que a decisão visa à comodidade e conveniência de todos os passageiros, especialmente dos que fazem viagens de negócio e precisam que o tempo no avião seja tranquilo para que possam executar seu trabalho.

Pelo mundo

 

Apesar da justificativa, a decisão gerou polêmica nas redes sociais e dividiu opiniões. Alguns adultos sem filhos apoiaram plenamente a decisão afirmando que até pagariam mais caro por um assento longe de crianças barulhentas.

Uma parte dos pais também viu as zonas de tranquilidade como algo positivo, argumentando que com uma área destinada a pessoas que não querem ser incomodadas por crianças o restante do avião se tornaria um espaço mais solidário com os pequenos. Já outros, encaram a medida como discriminação e apontam que, se a ideia se expandir e voos em que crianças não são permitidas forem criados, isso pode atrapalhar o ir e vir de famílias, que ficariam restritas, com menos opções de horários para voar.

A criação de zonas de tranquilidade é tendência principalmente entre as companhias aéreas asiáticas. A Malaysia Airlines, por exemplo, não permite bebês na primeira classe e tem uma área na classe econômica em seus aviões onde crianças não são permitidas.

No Brasil

 

Por aqui, a legislação brasileira não distingue ou permite que haja distinção de tratamento civil entre as pessoas em razão de idade, mas a decisão da IndiGo, visando o melhor bem-estar de todos em razão de seus propósitos de viagem não é ilegal, explica a advogada Aline Peciauskas, especialista em Direito de Turismo. “A mera organização de voos pelas companhias aéreas não representa uma discriminação ou intenção de redução dos direitos civis às crianças, propriamente”, afirma. “Pode passar, entretanto, a ser uma discriminação, se o passageiro for impedido de embarcar nesses assentos eventualmente disponíveis, caso não haja outros livres”.

As “zonas de tranquilidade” devem demorar a chegar ao Brasil já que as três maiores companhias aéreas do país – LATAM, Gol e Azul – afirmaram por e-mail que não têm planos de implantá-las em seus voos. Já que a situação deve permanecer a mesma por aqui, pelo menos por um tempo, existem algumas sugestões que os pais podem seguir para deixar o voo de toda família mais confortável.

A primeira, no caso de bebês que ainda mamam, é amamentar durante a decolagem e a aterrissagem, pois o movimento de deglutição permite a entrada de ar no canal auditivo, possibilitando um melhor equilíbrio entre a pressão interna e externa, o que diminui o risco de dor de ouvido. Na hora de distrair, vale levar os brinquedos preferidos dos pequenos, mas sempre ter em mente que as crianças podem ficar inquietas, o que é um comportamento normal. Não ajuda em nada ficar com raiva do choro ininterrupto. O melhor a fazer é manter a calma e tentar tranquilizar seu filho com muito carinho.

 

Ao restante dos passageiros, vale lembrar que todos foram crianças um dia e que os bebês não choram de propósito, para incomodá-los, e sim porque eles estão incomodados. E vale lembrar que, afinal, é mais fácil que os mais velhos tenham maturidade para lidar com o assunto, do que os pequenos.