Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Segunda, 07 de Outubro de 2024

Brasileiros relatam momentos de horror durante ataque em Nice

15/07/2016

Após o atentado em Nice, na França, na noite de quinta-feira (14), que deixou 84 mortos e mais de 100 feridos, o clima na cidade é de medo e tensão. Muitos turistas estavam no local na hora do ataque. Veja o depoimento de três brasileiros.

Camila Lara estuda no leste da França. De férias do mestrado, chegou a Nice na quinta-feira (14), com a amiga Renata: “Muito triste, um sentimento muito misturado. No momento que estava acontecendo tudo isso, a gente estava em pânico, porque não sabia o que estava acontecendo. Agora que passou um pouquinho, a gente tem mais a dimensão do que aconteceu. Pra mim, por exemplo, foi depois que veio mais emoção e o sentimento de que poderia ter acontecido algo muito grave com a gente. Porque depois a gente percebeu que estava há 100, 200 metros do caminhão e em questão de minutos a gente poderia ter sido vítima desse acidente. Realmente mexeu muito com a gente, mas graça a Deus, a gente não se machucou”.

Uma preocupação imediata foi avisar a família. “Estava sem sinal no celular, porque estava todo mundo utilizado a internet e o celular. Não consegui mandar mensagem para ninguém da minha família, mas assim que cheguei no hotel consegui manda. Foi tranquilo, a gente conseguiu falar com o todo mundo antes de ficarem preocupadas com nossa segurança”.

O administrador André Galvão Bueno saiu da avenida pouco antes, estava no restaurante do hotel: “As informações estavam desencontradas, acabei subindo para o quarto e do quarto a gente conseguia ver a rua. Então, a gente conseguiu ver muita gente correndo, entrando em todos os imóveis, correndo em todas as direções, dava pra ver algumas aglomerações de pessoas tentando ajudar feridos na rua e por uma hora e meia foi só correria na rua”.

André trabalha em Paris há quase dois anos e também chegou na quinta-feira para descansar: “Desespero. Esse é meu terceiro atentado. Estava em Paris nos dois primeiros, no segundo fiquei um pouco mais assustado. Nesse, em contrapartida, eu estava na frente, as pessoas chegando no hotel. Hoje de manhã a gente saiu do hotel, a avenida da frente estava fechada, a polícia interditou, ninguém poderia passar. A gente deu uma volta pela cidade, se afastou um pouco. Não sei comparar, mas dava pra ver que tinha gente na rua, a vida continua, mas você percebe que tá um clima pesado, todo mundo assustado e a praia vazia, obviamente”. 

A paraense Camila Oliveira mora, com o marido francês, há seis anos em Nice. Eles gravaram imagens quando foram assistir a queima de fogos: “De repente, a gente olha e na frente da gente vem um caminhão, um caminhão baú. Essa imagem está na minha cabeça, eu não consigo tirar da minha cabeça, eu fecho o olho e fico vendo aquela imagem. E quando veio, meu marido gritou: ‘É um atentado!’. A gente se jogou junto, por cima da pedra, inclusive eu bati um pouco o joelho. Minutos, segundos e o caminhão passou do nosso lado. Eu senti o vento do caminhão. Assim, por segundos ele não esmagou eu e meu esposo. Quando ele passou, foi deixando um rastro, um caminho, muita gente morta, foi horrível!”.

O Ministério das Relações Exteriores informou que, até o momento, não tem registro de brasileiros mortos ou hospitalizados. O consulado-geral do Brasil em Paris mantém contato com as autoridades em busca de informações atualizadas e orienta os brasileiros na França, residentes ou de passagem, a entrar em contato com suas famílias e andar com documentos em território francês, em razão do estado de emergência.