Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sábado, 05 de Outubro de 2024

Suspensão de voos terá pouco impacto na Bahia

12/02/2016

A companhia aérea tinha, até 30 de setembro de 2015, mais de R$ 430 mi retidos na Venezuela - Foto: Joá Souza l Ag. A TARDE l 28.02.2013A companhia aérea tinha, até 30 de setembro de 2015, mais de R$ 430 mi retidos na Venezuela

A decisão anunciada esta semana pela Gol de suspender, temporariamente, os voos para Caracas, na Venezuela, terá pouco impacto nas operações turísticas na Bahia, conforme acredita o presidente da seção baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), José Alves. "Não se trata de um destino muito procurado pelos baianos, assim como também não temos fluxo significativo de passageiros provenientes do país para a Bahia", afirmou.

Depois de ter reduzido para quase a metade o número de voos do Brasil para Caracas (de 28 para 16), a Gol acabou acompanhando companhias internacionais, como Air Canada e Alitalia, que interromperam voos para a Venezuela, diante das dificuldades impostas pelo governo de Nicolás Maduro para a repatriação de receitas pelas empresas.

As informações são de que a  TAM, que mantém um voo aos sábados saindo de São Paulo, também estaria ameaçando suspender as operações para o país, mas até nesta quarta-feira, 10, no site da companhia, a capital venezuelana e o Aeroporto Simon Bolívar ainda estavam entre as opções de destino da companhia.

Passagens vendidas

Em nota enviada à imprensa, a Gol informou na terça, 9, que vai reacomodar em outras companhias os passageiros que já haviam comprado passagens. A companhia frisou o caráter temporário da decisão, "até que se resolva a questão das remessas dos recursos da empresa no país".

O grande problema está no rigoroso controle de câmbio adotado pelo governo venezuelano. A  lei do país obriga as companhias a vender em moeda local (bolívar). Com a moeda venezuelana, as empresas cobrem as despesas no país, como os salários de funcionários e pagamento de taxas e aquisição do querosene, entre outros. Outra parte é repatriada, em dólar, para o país-sede das companhias. O problema é que o governo venezuelano, que adotada taxas consideradas elevadas para o câmbio, aumentou significativamente a paridade: era 4,3 bolívares para US$ 1, em 2012; subiu para 6,3 bolívares, em 2013; e agora está em 12 bolívares para cada dólar.

Queda

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) informou à imprensa que o total de recursos a serem repatriados pelas companhias em todo o mundo chega a US$ 3,8 bilhões. Para complicar, a Venezuela também decidiu cobrar em dólar o combustível (querosene) vendido para empresas estrangeiras. Resultado: o tráfego de passageiros no país caiu 8,5%, conforme divulgou a Iata, reflexo da queda na oferta de voos e da situação econômica do país.

No caso dos turistas baianos, além de Caracas, a queda d'água de Salto Ángel ou Cataratas Ángel, o mais alto do mundo com 979 metros de altura, é  outro atrativo turístico na Venezuela, "mas, ainda assim, em fluxo relativamente muito pequeno", como frisa José Alves, da Abav-BA. A instituição, entretanto, declara apoio às companhias quanto às dificuldades cambiais.