Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sexta, 04 de Outubro de 2024

EUA e Rússia estão perto de acordo para evitar incidente aéreo na Síria

15/10/2015

As forças do regime sírio lançaram nesta quarta-feira uma grande operação para tirar os rebeldes de Damasco e de seus arredores, enquanto Estados Unidos e Rússia se preparam para manter contatos e evitar incidentes entre seus aviões em céu sírio.

O espaço aéreo sírio está cada vez mais congestionado com as intervenções da aviação do governo, da coalizão internacional antijihadista liberada pelos Estados Unidos e, agora, dos aviões russos.

Washington e Moscou podem firmar "nos próximos dias" um pacto para garantir a segurança aérea na Síria, disse nesta quarta à AFP um funcionário do Departamento americano da Defesa.

"Estamos nos aproximando de completar um memorando de entendimento que vai estabelecer os procedimentos para aumentar a segurança aérea" na Síria, explicou a fonte, que pediu para não ser identificada, após a terceira rodada de discussões entre representantes russos e americanos.

O medo é que aconteça um incidente e, de fato, no sábado, "aviões russos se encontraram a uma distância visual de aviões da coalizão" liderada por Washington, relatou o porta-voz do Pentágono, coronel Steve Warren.

Hoje, o Exército russo explicou que um de seus caças ficou neste dia (sábado) a menos de 3 km de um caça americano.

Em nota enviada à AFP, o Ministério russo da Defesa disse que um caça SU-30SM detectou em seu radar uma aeronave não identificada e "se aproximou a uma distância de 2 ou 3 km para identificá-la", sem "o objetivo de intimidar quem quer que fosse".

Depois que a aeronave foi identificada como sendo um avião militar americano, "o caça russo voltou ao seu grupo para prosseguir sua tarefa", ou seja, bombardear um alvo do Estado Islâmico na província de Aleppo (norte).

Moscou insiste em que seu alvo é o EI e, nesta quarta, indicou que seus aviões atingiram 40 alvos da organização em cinco províncias sírias nas últimas 24 horas.

Washington e seus aliados, que bombardeiam este grupo na Síria e no Iraque, acusam os russos, porém, de atacarem, sobretudo, outras organizações rebeldes, apoiadas pelo Ocidente. O objetivo seria fortalecer a posição de seu aliado, o presidente Bashar al-Assad.

Apesar dos contatos entre comandos militares para evitar acidentes, a Rússia disse que os Estados Unidos se negaram a acolher em Washington uma delegação sua de alto nível e enviar uma equipe a Moscou para realizar conversas mais amplas sobre o conflito sírio.

Depois de um boletim da Agência Europeia de Segurança Aérea sobre disparos de mísseis russos do Cáspio para a Síria, várias companhias aéreas, como a Cathay Airways e a Air India, suspenderam, ou modificaram, seus voos sobre o Irã e sobre o Mar Cáspio.

Ofensiva do regime na capital

Em terra, o Exército sírio avançava nesta quarta-feira em Jobar, um bairro do leste de Damasco, graças a intensos bombardeios contra os rebeldes que cercam grande parte da capital, relatou à AFP uma fonte militar síria.

As forças sírias realizaram na zona "operações limitadas, mas precisas e eficazes, contra os centros e as linhas de defesa que os grupos armados utilizam para vigiar o resto da capital", explicou a fonte.

O bairro é estratégico. Pelo lado oeste, encontra-se junto à praça dos Abássidas, que dá acesso ao centro de Damasco. Pelo outro, o mesmo bairro faz fronteira com a Ghuta Oriental, uma região agrícola a leste de Damasco, onde a maioria das localidades está em mãos rebeldes.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), a aviação realizou ao menos oito ataques em Khobar, e houve combates em terra.

Também ocorreram bombardeios aéreos e da artilharia contra várias localidades rebeldes ao redor de Damasco. Duas crianças morreram em Duma, a nordeste da capital, segundo o OSDH.

EI avança ao norte de Aleppo

No outro front, ao norte de Aleppo, os jihadistas do Estado Islâmico avançaram na direção das localidades de Ahras e Tal Khabin. Bloquearam uma estrada vital para o abastecimento de outros rebeldes da zona e que conecta a antiga capital econômica do país com a fronteira turca.

Segundo o OSDH, na batalha, 13 membros do EI e sete integrantes de outros grupos rebeldes morreram.

Em Teerã, fontes do governo anunciaram a morte, na Síria, de dois coronéis dos Guardas da Revolução do Irã. Eles assessoravam o Exército sírio, dias depois da morte de um general dessa unidade de elite iraniana.

Já a Turquia convocou os embaixadores de Estados Unidos e Rússia para adverti-los contra qualquer apoio aos combatentes curdo-sírios. A Turquia considera o Partido da União Democrática (PYD, curdo-sírio) como o irmão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em rebelião armada contra Ancara desde 1984.