Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quinta, 03 de Outubro de 2024

Uma viagem pelos 70 anos de design e memórias da TAP

15/07/2015

"Quando comecei a ir lanchar ao aeroporto eram estas as fardas que se usavam", diz Maria de Lourdes Machado, assim que chega à exposição TAP Portugal: Imagem de Um Povo - Identidade e Design da Companhia Aérea Nacional (1945-2015), que hoje é inaugurada no Museu do Design e da Moda, em Lisboa, olhando para os saia-casaco azul-escuros, com o símbolo dos Transportes Aéreos Portugueses bordado na manga, que as primeiras hospedeiras usaram, em meados dos anos 40. Este era o modelo que se usava nos voos para a Europa.

Ao lado, em tons caqui, está aquele que era usado nos voos para África, juntamente com as botas de cano alto que começaram a ser usados por um comandante depois de ter sido mordido por uma cobra, conta Adelina Arezes, diretora do Museu da TAP, comissária científica da exposição.

Movida pela curiosidade, anos depois seria Maria de Lourdes a envergar uma destas fardas. A primeira foi aquela que desenhou Sérgio Sampaio - azul-petróleo e camisa amarela. "Era feita à medida, íamos ao ateliê dele", conta, durante a vista. Distinguem-se pelos dois pompons do chapéu que lembram as nazarenas.

Em 1965, MLourdes, o seu "nome de guerra", começou em terra. Contra a vontade do pai, que não achava bem um menina ficar fora de casa, fez o curso de voo. A primeira viagem levou-o a Maputo, então Lourenço Marques, para ir buscar uma criança. Este seria também o seu penúltimo destino, após 50 anos de viagens, em abril. Fortaleza, no Brasil, fechou a contagem.

Como o título da exposição deixa antever, TAP Portugal: Imagem de Um Povo - Identidade e Design da Companhia Aérea Nacional (1945--2015) pode ser lida de duas maneiras. "As peças em exposição traduzem o contributo do design para a consciencialização coletiva da TAP como símbolo nacional e para a identificação dos portugueses com a (sua) companhia de bandeira, assim como o modo como concorreu para a construção e disseminação da imagem de um povo e do seu país além-fronteiras durante os últimos 70 anos", escreve a diretora do MUDE, Bárbara Coutinho, sobre a exposição, cuja curadoria assume.