Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quarta, 02 de Outubro de 2024

Companhias aéreas declaram guerra a sites

11/06/2015

A primeira a declarar guerra foi a alemã Lufthansa. E agora o grupo AirFrance-KLM pode adotar a mesma estratégia para combater um inimigo incômodo — os sites de venda de passagens aéreas pela internet.

Na semana passada, a companhia alemã anunciou a cobrança de taxa extra de € 16 sobre todos os bilhetes comprados fora de seu site oficial ou de sistemas operados por agentes de turismo profissionais.

A ideia, claro, é atrair os clientes diretamente ao site da companhia e evitar quaisquer intermediários virtuais, operados por mecanismos de distribuição global (chamados GDS), fugindo de taxas agregadas encontradas em lojas e sites virtuais como Expedia, Priceline e Kayak. E esta semana a AirFrance-KLM confirmou estar estudando medidas semelhantes.

"Este é um ponto-chave, absolutamente chave para nós. Estamos avaliando essa possibilidade" — declarou o presidente do grupo, AirFrance-KLM, Alexandre de Juniac. "A maioria de nosso lucro vem do GDS".

A declaração irritou as operadoras Sabe e Amadeus — um sistema através do qual funciona a maioria das reservas de viagens do mundo, mas que não funciona diretamente para pessoas físicas.

O caso da AirFrance-KLM, porém, é distinto. Isso porque a empresa tem ainda por cumprir dois anos de um contrato firmado com a Amadeus.

A decisão da Lufthansa significa que, para o consumidor, será mais barato comprar bilhetes aéreos no próprio site da empresa e não mais em sites de comparação de preços.

Segundo a empresa, dois terços de seus voos são reservados através desses sistemas GDS externos. Apenas um terço deles é vendido pelo site Lufthansa.com — e o resto vem de provedores externos que cobram encargos pela transação.

A empresa alemã vai começar a cobrança da nova taxa em 1º de setembro, e a mudança incluirá, ainda, as outras subsidiárias do grupo, que incluem Austrian Airlines, Brussels Airlines e Swiss.

Num comunicado, a Lufthansa reiterou que a aposta é em serviços com preços flexíveis e personalizados.

"Até agora, a porcentagem da receita gerada pela venda de bilhetes de avião pelas nossas companhias aéreas está continuamente caindo. Enquanto outros parceiros de serviço e de sistema na cadeia de valor registam crescimento das margens e dos lucros, as nossas companhias aéreas ganham cada vez menos apesar de sermos nós os reais fornecedores dos serviços de avião. Queremos contrariar esta tendência reestruturando a nossa estratégia de vendas", afirmou Jens Bischof, membro do Conselho de Administração da Lufthansa German Airlines, em comunicado.

A estratégia tem causado inquietação no mercado. Afinal, primeiro, as companhias tentaram oferecer vantagens e bônus aos clientes em programas de milhagem.

Depois ofereceram códigos promocionais com descontos e, por fim, algumas decidiram não mais autorizar a comercialização de suas passagens em sites de agências de turismo, como aconteceu com a americana Delta, e a remoção de seus serviços de portais como o TripAdvisor, por exemplo.

Caso a tendência se confirme na indústria aérea, a receita desses sites de agências online pode despencar. E o mundo poderá presenciar uma constante mudança no preço das tarifas.

A Amadeus afirmou na semana passada que a decisão da Lufthansa não teria efeito em suas contas. A empresa diz que confia na força de seu modelo de negócios e que continuará atendendo às necessidades do setor.

Já as agências criticaram a medida, já que usam massivamente o sistema Amadeus e agora serão obrigadas a incorporar também o sistema da companhia alemã e de outras aéreas que eventualmente forem na mesma direção. A ECTAA, associação europeia de agências, disse que reduz a transparência dos preços e "complica a comparação".