A TAP admite que a queda de um voo da Germanwings na terça-feira nos Alpes, em que morreram 150 pessoas - tudo apontando para um ato deliberado do copiloto Andreas Lubitz -, "irá suscitar uma reflexão interna" na companhia que deverá conduzir à imposição da regra de o comandante ou o copiloto "não deixar o cockpit sem que outro membro da tripulação ali entre". Por outras palavras, passaria a ser obrigatória a permanência de duas pessoas na cabine em todos os momentos do voo. Ontem à noite, o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, disse à TSF que irá pedir ao INAC (Instituto Nacional de Aviação Civil) recomendações sobre medidas de reforço de segurança, para posteriormente decidir sobre o assunto.

"[A hipótese] irá suscitar reflexão interna dentro da TAP como em toda a indústria global e nos organismos em que a TAP está representada", disse ao DN André Serpa Soares, do Departamento de Comunicação e Relações Públicas da com- panhia, ressalvando não existir "nenhuma previsão" de quando tal venha a acontecer, ou garantia de que a regra será imposta, "ainda que quatro companhias já o tenham comunicado, nenhuma delas das principais transportadoras". Atualmente, explicou, a regra seguida na TAP é deixar aos pilotos a decisão, podendo estes optar individualmente por aplicar desde já esse reforço da segurança. "Nada impede que os comandantes, em todos os voos, decidam que só saem do cockpit se entrar outro tripulante."

Segundo tem sido noticiado, o copiloto do voo 4U 9525 da Germanwings aproveitou um momento em que o comandante se ausentou do cockpit para se trancar no interior, deixando depois de respon- der às mensagens dos controladores de tráfego aéreo.

Além das quatro companhias low-cost, referidas pelo responsável da TAP, já houve pelo menos um país - o Canadá - a decidir impor esta nova regra de segurança. A ministra dos transportes canadiana, Lisa Raitt, confirmou ao final do dia de ontem que as transportadoras Air Canada e Westjet Airlines irão "sem demora" implementar a regra dos dois tripulantes em permanência na cabine.

A presidente executiva da easyJet, Carolyn McCall, já tinha anunciado que os procedimentos de segurança no cockpit de aviões da companhia serão alterados. "Vamos mudar o nosso procedimento para que estejam sempre duas pessoas no cockpit", afirmou a responsável, defendendo que as outras companhias devem adotar a mesma medida. Para Carolyn McCall, ainda que o acidente tenha ocorrido com a Germanwings, esta não é "uma situação sobre low-costs, mas sobre uma companhia aérea e um ser humano".