Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 01 de Outubro de 2024

Aéreas estudam reduzir nº de voos

25/03/2015

As companhias aéreas brasileiras estão com dificuldades para encher os aviões e reajustar tarifas diante da desaceleração da economia brasileira. Apesar da pressão nos custos provocada pela alta do dólar, as empresas têm apelado para as promoções para conseguir passageiros e admitem que nem sempre a receita dos voos cobrem os seus custos. Para evitar perdas maiores, as empresas aéreas brasileiras já falam em reduzir a oferta de voos. Nem a queda da cotação do petróleo nos últimos meses, que define os preços do querosene de aviação, resultou em um alívio para as empresas aéreas, disseram os presidentes de Gol, Azul e Avianca. “Esperava que o ano começasse melhor, por conta do petróleo, mas com 60% a 65% dos custos atrelados ao câmbio, não foi bem assim”, disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves. O presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff, indicou que a tendência é de acomodação da malha e redução da oferta. Ele lembrou que a Gol previu no início do ano manutenção da oferta, mas disse que a meta pode ser revisada para baixo.

Revisão
Neves informou que a Azul já revisou sua malha de maio, alterando entre 8% e 10% dos voos. “Rearranjamos a malha para onde tem demanda, mas não houve redução de oferta”, disse. Na mudança, a Azul deixará de voar para dois destinos: Campina Grande (PB) e Araguaína (TO). A empresa também cancelou os voos extras para a Flórida que estavam planejados para maio e adiou os planos de voar para Nova York. “Estamos com medo”, disse o executivo, referindo-se ao cenário macroeconômico.

O presidente da Avianca Brasil, José Efromovich, comentou que a intenção era ampliar sua oferta de passagens, com a incorporação de mais duas aeronaves à frota, mas a empresa pisou no freio. “Encerraremos o ano com o mesmo número de aeronaves”, comentou. “Estamos indo ao extremo da criatividade para criar saídas para este momento”, acrescentou.

Efromovich comentou que a esperada retomada da demanda corporativa ainda não ocorreu após o carnaval, quando tradicionalmente se encerra a alta temporada e se observa um maior movimento de passageiros que viajam a negócios. “É preciso lembrar que em fevereiro e março foi quando se intensificou esse momento de maior incerteza política e econômica. Vamos observar o que acontecerá nos próximos meses”, acrescentou.

Neves, da Azul, também disse que foi observada uma redução na demanda corporativa, que responde por dois terços de seus passageiros. “Nos setores de óleo e gás e construção houve uma diminuição expressiva no volume de viagens por conta da redução na atividade desses setores”, comentou.

A principal ferramenta para estimular a demanda está em promoções. O presidente da Gol admitiu que a estratégia tem sido usada para buscar alguma receita adicional, mas que alguns dos preços não cobrem custos.

Cotação
Ontem, o dólar recuou pela terceira sessão seguida, após uma negociação volátil, à medida que os investidores digeriam comentários do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, no Senado. As declarações dele alimentaram dúvidas sobre a continuidade do programa de leilões de swaps cambiais, a partir de abril - os leilões acabaram suspensos. Mesmo assim, o dólar à vista terminou com baixa de 0,83%, aos R$ 3,1250. O BC interromperá o programa de venda de swaps cambiais, que funciona como venda de moeda norte-americana no mercado futuro e ajudam a segurar a cotação.