Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Terça, 01 de Outubro de 2024

Viagens de avião gratuitas para bebês de colo poderão acabar

14/01/2015

As empresas aéreas brasileiras ficarão felizes em permitir que você aguente o voo com uma criança inquieta no colo. Elas podem até cobrar pelo privilégio.

Enquanto a maioria das empresas não cobra o preço cheio nas passagens para crianças de menos de 2 anos levadas no colo por um adulto, o setor quer o direito de cobrar uma tarifa maior desses viajantes sem assento. Atualmente, a cobrança está limitada a 10 por cento da tarifa.

“Eles não podem trazer sua própria mala, eles nem sequer podem comer a comida, então por que cobrar pelos bebês?”, perguntou Laura Simon, 33, que viajava de São Paulo ao Rio de Janeiro com o marido e dois filhos, ontem, pela TAM.

“Viajar com crianças é difícil”, disse ela, segurando um bebê de 4 meses nos braços enquanto a menina de 2 anos saltava no assento ao lado dela.

O impulso para cobrar por crianças de colo mostra como as empresas aéreas brasileiras estão começando a desafiar as regras de proteção ao consumidor que há tempos fizeram do maior país da América Latina um dos lugares mais amigáveis para os passageiros.

As tarifas domésticas caíram desde que foram desregulamentadas em 2001, ao mesmo tempo em que o governo mantém a proibição da aplicação de tarifas a outros serviços, como o de despacho de bagagem, comum nos EUA e em outros lugares.

Uma proposta para eliminar o limite para as tarifas de crianças de colo será incluída na próxima revisão de algumas regras da Agência Nacional de Aviação Civil, do governo.

Após reunir-se com as empresas aéreas e com grupos de proteção ao consumidor, a Anac está trabalhando em um esboço “em virtude da liberdade tarifária”, que será apresentado à opinião pública nos próximos meses, com regulação final a ser aprovada até o fim de 2016.

Rejeição

A cobrança de tarifa para crianças de colo é só uma das áreas em que as empresas aéreas estão rejeitando regras do governo no Brasil. As empresas fazem pressão há anos para restringir o peso das bagagens despachadas.

As tarifas para as bagagens não serão tratadas nessa revisão das regras, segundo a Anac, embora sejam o objeto de uma revisão separada que está em andamento.

“Em um mercado aberto, nós poderíamos cobrar o que quiséssemos”, disse Tarcisio Gargioni, vice-presidente de marketing da Avianca Brasil, em entrevista por telefone.