Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Segunda, 30 de Setembro de 2024

DÓLAR E EBOLA NA ROTA DAS EMPRESAS AÉREAS

03/10/2014

As ações da Gol fecharam com queda 5,12% nesta quarta-feira, a R$ 11,10, atingidas por preocupações com o impacto de um dólar mais valorizado ante o real e em meio à queda de papéis de companhias aéreas no exterior, com a confirmação de que o primeiro caso de Ebola foi diagnosticado nos Estados Unidos. Os ADRs da empresa também recuaram fechando em baixa de 5,82%.

O avanço do dólar, que fechou setembro com sua maior alta mensal em três anos, pesava sobre os papéis da Gol, uma vez que a empresa tem custos importantes em dólar, como o do combustível, e menor proporção de receitas na moeda norte-americana.

Além disso, autoridades de saúde dos EUA afirmaram na terça-feira que foi diagnosticado no país o primeiro paciente infectado com o vírus Ebola, em um novo sinal de como o surto que assola a África Ocidental pode se espalhar globalmente.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA confirmou o diagnóstico, sem dar mais detalhes, levantando preocupações de que a doença possa restringir o tráfego aéreo. Segundo participantes do mercado no Brasil, a aversão ao risco no setor aéreo no exterior contribuía para a queda da ação da Gol na Bovespa. Especialistas afirmaram, no entanto, que o impacto da doença sobre as ações da Gol é limitado.

A Gol tem vôos internacionais de passageiros de São Paulo (Guarulhos) para Miami e Orlando nos EUA, com escala em Santo Domingo, na República Dominicana..

A empresa, que tem acordo de compartilhamento de vôos com a Delta Air Lines, tem optado por elevar oferta de assentos em vôos internacionais e reduzir no mercado doméstico. Em agosto, a oferta de vôos internacionais da Gol cresceu 27,3% sobre um ano antes e a demanda cresceu 52%.

Destino

Segundo o anuário mais recente da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), de 2012, cerca de 4,3 milhões de passageiros viajaram entre o Brasil e os Estados Unidos, em ambos os sentidos, naquele ano. Os EUA foram, em 2012, o país com maior número fluxo de passageiros com o Brasil, seguido da Argentina, com cerca de 2,8 milhões.

O Ministério da Saúde afirmou na véspera que não há casos suspeitos ou confirmados de Ebola no Brasil e que o risco de transmissão para o país é considerado baixo.

O vírus já matou mais de 3 mil pessoas na África Ocidental. “A África não é uma parte grande da indústria de viagens, mas parece que algumas partes desse setor provavelmente serão afetadas por isso”, disse Mitch Rubin, diretor de investimentos na RiverPark Advisors, em Nova York.

Norte-americanas

Diversas grandes empresas aéreas dos Estados Unidos afirmaram nesta quarta-feira que estão em contato próximo com funcionários federais norte-americanos do setor de saúde sobre preocupações com viagens relacionadas ao Ebola, após um viajante infectado com o vírus mortal ser diagnosticado no país.

Funcionários de saúde dos EUA afirmaram que não deve haver risco a passageiros que o acompanharam, uma vez que o paciente começou a exibir os sintomas apenas após sua chegada.

A JetBlue Airways e a American Airlines disseram que estão seguindo de perto recomendações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).

A Airlines for America, grupo que representa o setor, também está coordenando com o CDC quaisquer medidas do governo relacionadas às preocupações sobre o Ebola, disse o porta-voz da JetBlue Morgan Johnston.

Na Europa, as ações da Air France fecharam com queda de 4,42% em Paris, International Consolidated Airlines Group declinaram 2,70% em Londres e Lufthansa perdeu 2,70% em Frankfurt.