Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Domingo, 29 de Setembro de 2024

MOVIMENTO DAS COMPANHIAS AÉREAS DURANTE A COPA DO MUNDO

26/08/2014

Para a Abear, o efeito era esperado em função da retração do público corporativo

A demanda doméstica por transporte aéreo foi praticamente estável no período da Copa, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Houve crescimento de 0,5% em julho, ante julho de 2013, no volume de passageiros-quilômetros transportados. Em junho, a alta foi 0,4% em relação ao mesmo mês de 2013.

De acordo com a associação, vistos de forma conjunta, os dois meses, marcados pela realização da Copa do Mundo, revelam uma tendência de estabilidade no setor em relação ao ano anterior. O efeito era esperado em função da retração do público corporativo, majoritário no dia a dia da aviação, e da parcial substituição pelo público de lazer, que predomina no fluxo aéreo durante os grandes eventos esportivos.

Antes das Copa

Até abril, entretanto, o setor cresceu a uma taxa média próxima de 9%, considerada acima do normal dentro das variações sazonais (em maio o ritmo de expansão já caía para pouco mais de 4%). O elemento que contribuiu para isso foi o adiantamento dos compromissos do público de negócios, como feiras, eventos, congressos e reuniões em razão da Copa. 

Como em ambos os momentos os resultados ficaram no lado mais positivo das projeções do setor para a temporada peculiar, a demanda acumulada para os sete primeiros meses do ano registra alta de 5,6%.

“As linhas gerais desse comportamento já vinham sendo previstas e comunicadas por nós desde o ano passado. Os dados de julho agora confirmam definitivamente essas análises”, diz o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

“É por essa razão que afirmávamos com bastante convicção que as companhias aéreas desempenhariam um grande papel, como se viu pelos altos índices de pontualidade dos vôos e de satisfação dos passageiros, mesmo com a infra-estrutura nacional ainda em expansão para se adequar à massificação do avião como meio de transporte ocorrida ao longo dos últimos 10, 12 anos”, comemora.

Retração

A oferta de transporte aéreo sofreu retração de 3,1% em julho, na comparação com julho de 2013. Com isso, a taxa de ocupação (load factor), calculada pela proporção entre oferta e demanda, seguiu em elevação, com alta de 2,9 pontos percentuais, alcançando 81,7%. Esse é o melhor resultado dos últimos 18 meses. 

Em julho, foi mais uma vez superada a marca dos sete milhões de passageiros embarcados em vôos domésticos, repetindo o resultado de janeiro, que é considerado um dos melhores meses para o setor dentro da sazonalidade típica. O número é 1% superior ao total de julho de 2013. 

Em julho, a TAM manteve a liderança do mercado doméstico, com fatia de 38,5%, seguida pela Gol, com 36,2%, pela Azul, com 16,6%, e pela Avianca, com 8,7%.

No acumulado dos sete meses do ano a oferta de transporte aéreo apresenta pequena retração de 0,4%. A taxa de ocupação se situa em 79,6%, com melhoria de 4,5 pontos percentuais. O total de passageiros embarcados nos vôos domésticos fica pouco acima de 45,6 milhões de pessoas.

Internacional 

A Gol, com 16,1% de participação em julho, e TAM, com 83,9%, são as únicas companhias nacionais operando vôos internacionais atualmente. A oferta consolidada das duas empresas foi reduzida em 3,1% em relação a julho de 2013. A demanda teve alta de 3,3%. O fator de aproveitamento atingiu 85,1% no mês (também o melhor índice dos últimos 18 meses), com avanço de expressivo de 5,3 pontos percentuais. As companhias embarcaram pouco mais de 440 mil passageiros no mês, o que representa um aumento de 5,3%. 

Pós copa

Sanovicz salientou que agora é preciso enfrentar o “terceiro tempo da Copa”, que é o restante desse 2014 atípico, marcado por eleições, além do cotidiano da aviação para os próximos anos, no qual os temas dos custos do setor e da continuidade na melhoria da infra-estrutura se apresentam como os mais importantes, fatos destacados na Carta aos Candidatos à Presidência da República.

A carta foi o documento divulgado pela Abear e associadas durante o evento Aviação em Debate, realizado no início do mês, no Rio de Janeiro. Apresenta uma contextualização dos avanços obtidos pelo setor aéreo nacional nos últimos anos, os benefícios econômicos e sociais diretos e indiretos proporcionados pela atividade em diversos outros setores e, além dos pontos citados, contém outros temas centrais a serem endereçados em um conjunto de políticas públicas pelo próximo governo. O objetivo é indicar os caminhos para o cumprimento de metas factíveis do setor, que passam pela retomada do crescimento experimentado pelo menos até 2011.

O ritmo de expansão do setor tem caído desde então: para o mesmo período de sete meses agora avaliado, em 2013 sobre 2012 as associadas Abear registravam alta na demanda de 6,2%; na comparação de 2012 sobre 2011, a taxa estava em 7,3% a essa altura.