Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Domingo, 29 de Setembro de 2024

Companhias aéreas preocupadas com margem de lucro Economico

03/06/2014

Poucos minutos depois das 7h00, a fila estende-se por dez metros desde a entrada do Ritz-Carlton, em Doha, até aos detectores de metais instalados no meio do átrio. É uma réplica em miniatura dos sistemas de segurança dos aeroportos, com direito a máquina de raio-x. É a primeira vez que a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla inglesa) escolhe Doha como palco da sua assembleia geral e a segurança, pouco habitual nestes encontros, destina-se a proteger Tamim bin Hamad Al Thani, príncipe do Qatar, que presidirá à sessão de abertura. 

A sala é uma Babel, onde o inglês é língua franca. A poucos minutos da entrada do Emir, hora e meia depois da chegada da maioria dos delegados, e nas filas da frente, os árabes presentes cobrem o tradicional traje branco com o ‘bisht', manto branco ou negro debruado a dourado, que marca a solenidade do momento. A organização pede a todos que se levantem e um silêncio quase sepulcral cobre a sala. É falso alarme. A plateia, cerca de mil delegados, volta a sentar-se e as conversas fazem-se ouvir como se ligadas por um interruptor.

Hamad Al Thani entra às 8h51, com toda a sala de pé, e fica o tempo suficiente para ouvir o ministro dos Transportes do Qatar, Ahmed Al Sulaiti, sublinhar que "esta conferência é a resposta ao papel que o mundo árabe tem tido na aviação mundial".

Al Sulaiti lembra que a Qatar Airways, hoje com uma frota de 136 aviões, é entre as companhias mundiais " a que se expande de forma mais rápida" e que tem desde o final de Maio "um novo aeroporto". 

Numa altura em que as margens de lucro da indústria são uma preocupação, as companhias do Médio Oriente estão entre as mais lucrativas: 1,6 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros) de lucro em 2014, um resultado líquido por passageiro de 8,98 dólares (6,58 euros) e margens de 2,6%. 

A nível mundial a expectativa é fechar o ano com lucros de 18 mil milhões de dólares (13,1 milhões de euros) em 2014, com um corte de 700 milhões de dólares face à perspectiva de Março. "Parece impressionante, mas a brutal realidade é que vamos ganhar uma margem média 2,4% ou cerca de seis dólares por passageiro", lamenta Tony Tyler. Ou seja, apresentar lucros pelo segundo ano consecutivo não é razão para baixar os braços. "O desempenho financeiro não corresponde ao valor que entregamos." A revisão em baixa dos resultados é explicada pela deterioração da economia, preocupações face ao crescimento económico da China e a riscos políticos diversos. 

A indústria, reunida em Doha, enfrenta o aumento dos custos de infra-estruturas, a ineficiência da gestão de tráfego e elevados custos fiscais e de regulação, alertou Tyler. "O poder de mercado da maioria dos aeroportos precisa de ser contrabalançado com uma regulação independente por via da aplicação das normas internacionais estabelecidas", afirmou.