Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sábado, 28 de Setembro de 2024

Padaria em SP testa aviões não tripulados para entregas em domicílio

07/05/2014

Para a maioria dos clientes, padaria boa é aquela que tem pão quente o tempo todo. E o que diriam os amantes do pãozinho francês se ele caísse do céu no quintal de casa? Essa é a ideia de um empresário de São Carlos, no interior de São Paulo, que está testando a entrega de produtos de sua padaria com o uso de veículos aéreos não tripulados, chamados de drones.

Em princípio, a intenção de Tom Ricetti, diretor da Pão To Go, é fazer entregas aéreas de produtos sólidos, como pães, bolos, frios, cereais e doces, a uma distância máxima de 1 km da loja de São Carlos. O valor do serviço ainda não está definido, mas o empresário estima que deve girar entre R$ 2 e R$ 3.

 

"Não enviaremos leite, refrigerante ou água, porque estamos testando soltar as caixas de uma altura de aproximadamente 3 metros e não pousar o drone, e isso poderia prejudicar a embalagem desses produtos (estourar as garrafas). Com esse drone dos testes, de seis hélices, podemos transportar até 3,5 kg de mercadorias", disse Tom em entrevista ao SRZD. A entrega a 3 metros de altura seria uma solução para evitar roubos ou avarias no equipamento.

No quesito inovação, a Pão To Go tem o hábito de sair na frente. Ela é a primeira rede de padarias drive-thru do Brasil. Ou seja, o cliente não precisa sair do carro para comprar os produtos desejados.

O empreendedor conta que a ideia de lançar uma padaria drive-thru surgiu de maneira inusitada, quando ele estava com o filho de dois anos e o cachorro de estimação no carro e procurava uma padaria que não estivesse tão cheia e onde fosse possível estacionar perto. Como todas estavam lotadas, Tom resolveu ir a um supermercado onde poderia deixar o cão no carro. "Peguei meu filho no colo e fomos à compra de sete médias. Demoramos uma hora e quinze minutos. E o pior, quando voltamos para o carro, o Risotto tinha feito xixi por tudo. Foi aí que surgiu a pergunta... Por não existe uma padaria drive-thru?".

Já o emprego de drones foi inspirado em um anúncio da poderosa do varejo online Amazon, que utiliza aviões não tripulados para entregar alguns produtos. Os drones que estão sendo testados em São Carlos foram adaptados especialmente para a operação da Pão To Go. A rede tem a expectativa de lançar oficialmente a entrega até junho. Para isso, depende da regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a utilização de aeronaves não tripuladas para fins comerciais, o que ainda não é permitido no Brasil.

Você deve estar se perguntando: como o done vai entregar o troco? Tom pensou à frente e, para facilitar ainda mais a vida do cliente, o pagamento seguirá um programa de fidelidade. Ou seja, o freguês agendaria os pedidos e horários das entregas pelo site e pagaria uma vez por mês com cartão de crédito. O modelo de fidelidade já é oferecido pela Pão To Go com entregas tradicionais para que não se perca tempo nas filas do drive-thru ou do caixa.

Além do drive-thru, a padaria tem ainda o walk-thru, que segue o mesmo conceito do drive, mas foca no consumidor a pé, que não necessita entrar na loja para pegar os produtos. "Esse formato ocupa um espaço menor e pode ser instalado em estações de metrô, trem metropolitano, rodoviárias ou ruas de comércio", comenta Tom.

Com franquias espalhadas em todo o país, algumas praças da rede já estão 100% vendidas. A empresa pretende facilitar o fornecimento de produtos de padaria em qualquer lugar do planeta. Segundo o proprietário, em uma cidade de 100 mil habitantes, cabem de três a quatro lojas Pão To Go.

Em um ano de atividades, a marca já possui 115 unidades comercializadas no país e no mundo, e um faturamento estimado de R$ 3,2 milhões. A expectativa é que esse valor dê um salto para R$ 40 milhões neste ano. Os faturamentos das lojas walk-thru e drive-thru vão de R$ 40 mil a R$ 65 mil e o lucro médio, de 16% a 21%.

Os drones na história

Esses aviõezinhos controlados remotamente por um operador foram criados para fins militares no século retrasado, mas começaram a chamar mais atenção quando foram utilizados, nos anos 80, pela força aérea israelense contra a Síria em 1982. Os soldados eram capazes de vigiar e até atacar determinadas áreas de forma segura.

Depois, os drones passaram a auxiliar em várias tarefas ao redor do mundo. Podem ajudar, por exemplo, no controle de irrigação de fazendas, no monitoramento de assuntos estratégicos e espionagens do FBI, no patrulhamento de fronteiras, no combate a incêndios e em coberturas jornalísticas para a tomada de imagens aéreas.