Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sábado, 28 de Setembro de 2024

FAB define zonas de exclusão aérea para período do Mundial

27/03/2014

A Força Aérea Brasileira (FAB) anunciou, na semana passada, que o espaço aéreo nas proximidades dos estádios das 12 cidades-sede será restrito e as aeronaves não poderão se aproximar dos locais dos jogos por até 7 horas. Em oito deles o pouso estará proibido durante os jogos, mas a decolagem será autorizada: Pampulha (MG), Santos Dumont (RJ), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Recife (PE), Salvador (BA), Cuiabá e Curitiba. No aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) vai se dar o contrário: só o pouso estará autorizado. 

Na abertura e encerramento da Copa, em São Paulo e no Rio, respectivamente, ocorrerão os maiores períodos de restrição: de três horas antes do jogo e de até quatro horas depois do começo da partida. Em todas as outras fases do Mundial, a restrição será de uma hora antes do jogo até três horas depois do início da partida. 

Os aeroportos que funcionarão normalmente e não terão suas rotinas atingidas, segundo a Aeronáutica, são Guarulhos (SP), Congonhas (SP), Brasília (DF), Galeão (RJ), Campinas (SP), Confins (MG), Porto Alegre (RS) e o aeroporto Augusto Severo (RN). Eles estão distantes dos estádios e não sofrerão mudanças. Todos os outros aeroportos das cidades-sede próximos dos estádios terão restrições. 

As áreas de exclusão, nas proximidades dos estádios, valerão para todos os jogos, de todas as sedes. Na área proibida, classificada com a cor vermelha e que abrange os estádios, somente aeronaves envolvidas no evento, como as militares, e autorizadas pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), poderão sobrevoar. Essa área abrange um raio de sete quilômetros.

A área restrita, de cor amarela, é para circulação de aviões de chefes de governo e de Estado, delegações de seleções de futebol, de convidados VIPs. Seu raio é de 13 quilômetros a partir da área vermelha. Na terceira área, de faixa branca, e que está além e fora das outras duas áreas, estarão autorizados voos comerciais regulares, que tenham plano de voo e transponder ligado. Mas estão proibidos voos de instrução, acrobáticos, turísticos, além de planadores, ultraleves e balões.

Os oficiais apresentaram também as aeronaves que serão empregadas na Operação Copa do Mundo 2014. A defesa aeroespacial usará pilotos de artilharia e vários tipos de aeronaves, como o Super Tucano, o Hércules e os helicópteros Black Hawk. Também serão usados os caças F-5M, de alta performance, e os A-29 Super Tucano, de ataque leve. Os aviões-radar E-99 terão a função de fazer o alerta aéreo antecipado.

Caso uma aeronave entre em uma das áreas de exclusão, serão tomadas medidas de policiamento aéreo com a finalidade de averiguar a identidade da aeronave, forçá-la a modificar sua rota e persuadi-la a obedecer às ordens da defesa aérea. Essas medidas começam a valer ainda na área branca, cuja distância do estádio pode ultrapassar os cem quilômetros.

O comandante do Comdabra, major-brigadeiro Carlos Egito do Amaral, explicou que a medida de policiamento prevê também, se necessário, o emprego do tiro de destruição, o chamado tiro de abate. Mas o governo ainda discute como, juridicamente, essa autorização será concedida às aeronaves. Para o Comando da Aeronáutica, é necessário que a presidente Dilma Rousseff assine um decreto estendendo os efeitos da Lei do Abate a essas ações em grandes eventos.

“A atual legislação limita os tiros de detenção. Não podem ser feitos em área densamente habitada. Só em rota de tráfico”, explicou Egito. No ministério, o entendimento é de que não há necessidade de novo decreto. As medidas de restrição vão valer de 12 de junho a 13 de julho. 

Tarefas foram divididas entre as autoridades da aviação

O ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, disse que o plano operacional da Copa será divulgado em detalhes até o início de abril. Ele informou que todos os agentes envolvidos vão começar uma série de treinamentos nos aeroportos no próximo mês para testar as medidas propostas. “Está tudo preparado. Só não consigo negociar com São Pedro. Tenho feito apelo à Nossa Senhora para que não permita que tenhamos tempestade no período”, brincou o ministro, lembrando que, nesses casos, os aeroportos podem fechar e os problemas serão inevitáveis.

No plano operacional da Copa 2014, as tarefas foram divididas. Caberá à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizar os voos comerciais nacionais e internacionais, incluindo charters, fretamento e voo das delegações. A SAC ficou encarregada pelos voos dos chefes de Estado e autoridades da Fifa e a Aeronáutica, pela aviação executiva (jatinhos) e pelo controle do espaço aéreo, que terá medidas de restrição nas áreas próximas aos estádios. 

Não serão permitidos, por exemplo, voos de treinamento, ultraleves, dirigíveis, operações de paraquedas, planadores, entre outros. Em um raio de 7,2 quilômetros de distância dos estádios só serão autorizadas a sobrevoar aeronaves de segurança pública, militares e ambulância. Para evitar que os aviões executivos atrapalhem o fluxo, quem extrapolar o horário de pouso, permanência e decolagem, terá a aeronave rebocada. A medida tem objetivo de evitar o problema que aconteceu na África do Sul, para onde voaram centenas de aeronaves na final e a multa não resolveu os entraves no fluxo devido ao descumprimento de regras.

No Brasil, serão reservadas a esses pequenos aviões 1.100 vagas nos pátios de vários aeroportos (são 160 no Galeão). O governo mapeou cerca de 70 aeroportos que serão utilizados como suporte ao evento, incluindo os principais, pequenos terminais em cidades próximas e bases militares, onde as aeronaves poderão ser estacionadas. Também está decidido que não serão concedidos voos se a capacidade do aeroporto estiver no limite. Para isso, a Aeronáutica, em parceria com os demais órgãos, listou um total de 25 aeroportos, onde as autorizações vão levar em consideração as horas ociosas e de pico de aeronaves e passageiros.

Durante o campeonato mundial de futebol, a situação dos aeroportos e do fluxo das aeronaves será gerenciada em tempo real (telões), de forma conjunta, por representantes de todas as autoridades do setor em uma sala de comando que fica no Rio, o Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), ligado à Aeronáutica. Haverá ainda salas de comando nos 15 aeroportos, com a participação de agentes do setor, além de representantes da fiscalização de trânsito local para evitar os problemas de acesso.

As obras nos aeroportos concedidos ficarão prontas a tempo da Copa 2014, mas os equipamentos e instalações não estarão funcionando plenamente devido às dificuldades para testar e implantar os sistemas. Segundo o ministro Moreira Franco, os terminais existentes estarão preparados para receber o volume extra de passageiros. O número de ingressos vendidos, de acordo com a Fifa, supera 2,5 milhões, sendo um terço deles comprado por turistas estrangeiros, segundo as estimativas do governo.

Voos extras terão 7,2 milhões de passageiros

As companhias aéreas nacionais aumentaram em 9,7% o volume de passagens ofertadas no período da Copa 2014 apenas para as cidades-sede do mundial. Com isso, da véspera da abertura da competição, que será realizada em 12 de junho, ao dia seguinte à final do mundial, em 13 de julho, Azul, Avianca, Gol e TAM poderão transportar juntas até 7,2 milhões de passageiros apenas para as cidades que receberão os jogos do torneio de futebol. 

Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e consideram voos domésticos e internacionais, regulares e os voos extras, incluindo os fretados nacionais, operados pelas associadas. Foram considerados os voos realizados no período de 36 horas antes ou após cada partida.

O presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, salientou que serão oferecidos 645.680 assentos extras em mais de 16 mil voos especiais, o que corresponde a um incremento de 31,2% no total de viagens realizadas no período. “E considerando que parte importante do público corporativo não vai existir, a oferta é ainda maior”, salientou. Atualmente, em média, entre 70% e 75% das viagens aéreas no País são realizadas por motivo de negócios. 

A Abear estima que dos cerca de 6,5 milhões de assentos regulares oferecidos de 11 de junho a 14 de julho, entre 20% e 25% são passageiros chamados corporativos, que não voarão a negócios no mesmo período este ano. “São pessoas que voaram nessa data no ano passado, o que não vai ocorrer em 2014, porque será feriado ou porque a feira ou evento foi adiantada ou postergada por causa da Copa.”

Entre as 12 cidades-sede, o maior crescimento no volume de passagens oferecidas foi para Natal, de 28,3%, seguido de Fortaleza, com alta de 21%, e Salvador, com 19,1%. “São destinos onde o tráfego corporativo é menor, portanto há um aumento proporcionalmente maior”, explicou Sanovicz. Já Curitiba, considerado um destino mais relacionado a negócios, teve um aumento de apenas 2% na oferta de assentos.

Em São Paulo, o volume de lugares ofertados teve elevação de 9%, considerando os voos operados nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Viracopos. O crescimento na oferta de passagens na capital paulista é inferior ao visto no Rio de Janeiro (11,3%) e em Brasília (17,9%). Sanovicz explicou que, nesses casos, a oferta de bilhetes e voos adicionais leva em conta tanto a demanda estimada para os jogos e viagens a negócios quanto o fato de essas cidades serem centros de conexão. 

As empresas aéreas têm minimizado as preocupações quanto a um potencial caos aéreo durante a Copa 2014 e avaliam que o movimento extra durante a competição será semelhante aos períodos de pico de demanda, como as festas de final de ano e o Carnaval. “O movimento em Salvador ou no Rio de Janeiro deverá ser menor na Copa do que no Carnaval”, prevê o consultor técnico da Abear, Adalberto Febeliano. Para Sanovicz, o volume de bilhetes ofertados durante a Copa 2014 ainda pode ser alterado, dependendo do avanço da competição e da maior ou menor popularidade dos jogos das etapas seguintes. “As companhias ainda têm aeronaves de reserva para mais alguns voos, mas essa demanda adicional depende dos jogos.”

Medida afeta apenas 1% das viagens previstas no período

Apesar de não alterar a rotina dos principais aeroportos brasileiros utilizados pela aviação civil, a Copa do Mundo deste ano afetará até 800 voos ao longo de todo o evento. O número corresponde a 1% do total de 67.779 voos programados para o período, informaram, na semana passada, durante entrevista coletiva, as autoridades do setor aéreo brasileiro. Para o presidente da Anac, Marcelo Guaranys, as medidas de restrição atingiram cerca de três mil passageiros. “É muito residual. Equivale a 20 voos cheios”. Ele explicou caber às empresas aéreas realocar passageiros para outros horários.

Os seis maiores aeroportos em termos de movimentação de aviação regular – Guarulhos e Congonhas, em São Paulo, e Viracopos, em Campinas (SP); Brasília (DF) e Galeão (RJ) – não serão afetados por medidas de restrição aérea. “Nenhum dos aeroportos terá 100% de suas operações interrompidas”, garantiu o chefe do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea, coronel Ary Bertolino. 

“Entre os 16 aeroportos considerados principais, nas 12 cidades-sede da Copa, nenhum será fechado totalmente. Em alguns terminais, os pousos serão suspensos por algum período, mas as decolagens serão autorizadas”, explicou Bertolino, referindo-se aos aeroportos Santos Dumont, no Rio, e da Pampulha, em Belo Horizonte, de Curitiba, Cuiabá, Fortaleza, Manaus e Salvador e do Recife. O aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, terá apenas algumas decolagens suspensas. 

Em um raio de 13 quilômetros dos estádios, o espaço aéreo será restrito a aeronaves de voos regulares previamente autorizadas e, em um raio de 7,5 quilômetros, só poderão operar aviões diretamente envolvidos com o evento. As restrições terão início até três horas antes do início das partidas e continuarão por até quatro horas após o término – caso dos jogos de abertura e de encerramento da competição. 

Nos demais jogos, a restrição será de uma hora antes e entre três e quatro horas depois dos jogos, variando, se houver prorrogação. Para dar conta da situação, a Força Aérea Brasileira vem treinando 2,6 mil controladores de voos desde 2012. 

A Sala Master de Comando e Controle funcionará no Rio de Janeiro e contará com a participação de representantes da Secretaria de Aviação Civil, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Polícia Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, de empresas aéreas e de companhias como a Petrobras, entre outras. 

O presidente da Anac, Marcelo Guaranys, informou que, até o momento, apenas 10% das passagens disponibilizadas para o período da Copa do Mundo foram vendidas. Segundo Guaranys, o preço das passagens está, em média, 25% mais baixo, na comparação com o período anterior ao redesenho da malha para o evento. No que se refere a hotéis, Fortaleza e Natal são as cidades com maior taxa de ocupação, entre as cidades sede. “Mas em todo País, a cidade com maior taxa de ocupação (no período) é Campina Grande, que nada tem a ver com a Copa. Isso por causa da (tradicional) festa de São João”, disse Guaranys.