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Avião caiu no oceano e não há sobreviventes, mas onde estão as provas?

26/03/2014

Muito já se especulou sobre o voo MH-370 da Malaysia Airlines desaparecido desde o dia 8 de março, quando ia de Kuala Lumpur, na Malásia, a Pequim, na China. Mais de duas semanas depois, porém, não parece haver avanço para se desvendar o mistério do sumiço da aeronave. De acordo com o premiê malaio, Najib Razak, especialistas concluíram por meio de imagens de satélite que o avião caiu em algum lugar no sul do Oceano Índico, a oeste da Austrália.

As famílias das 239 pessoas a bordo precisam, agora, aceitar que não há mais esperança de encontrar seus entes queridos. No entanto, como acreditar em um fato se ninguém apresentou provas concretas?

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A conclusão oficial, além disso, não dá respostas sobre o que realmente aconteceu com a aeronave. A seguir, cinco perguntas que ainda precisam ser respondidas, segundo o jornal britânico Mirror News.

1. Como sabemos que o avião caiu se não há a confirmação de que os destroços foram encontrados?

É frequente que os investigadores saibam onde um avião caiu mesmo que ainda não tenham achado os destroços. Às vezes, podem-se passar anos antes que as partes da aeronave sejam encontradas, inclusive a crucial caixa preta.

Os cálculos oficiais definiram que o avião está em alguma área ao sul do Oceano Índico. No entanto, o mar nessa região pode ter até sete quilômetros de profundidade, e é possível que as correntes marítimas tenham arrastado os destroços por um longo caminho durante as duas últimas semanas.

Ainda assim, até mesmo uma pequena parte do avião poderia ser suficiente para os investigadores definirem se a aeronave explodiu ou caiu, por exemplo.

2. A caixa preta será algum dia encontrada?

Em qualquer desastre aéreo, a prova mais importante é sempre a caixa preta do avião. Este equipamento (que na verdade é laranja) grava todos os dados do voo, é desenhado para resistir a qualquer impacto e, sem ele, nunca se saberá realmente o que aconteceu.

As equipes de busca estão correndo contra o tempo para encontrar a caixa preta, pois a bateria do seu sinal localizador dura apenas cerca de 30 dias. É possível encontrá-la ainda sem a ajuda do localizador, mas isso seria muito mais difícil.

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3. Por que nenhum dos passageiros tentou se comunicar antes de o avião cair?

Como pode um avião mudar de rota e voar cerca de sete horas na direção contrária sem ninguém perceber? Se os passageiros tivessem se dado conta de que estavam em perigo, eles não teriam tentado fazer ligações ou mandar mensagens de texto?

Especialistas afirmam que voar acima de 10 mil pés (cerca de 3 km) e em alta velocidade significa que ninguém a bordo conseguiria ter sinal de celular. No entanto, algumas pesquisas dizem que o avião ficou abaixo de 5 mil pés em um momento.

É possível que os passageiros não tivessem percebido o perigo? Uma das teorias mais dramáticas é a de que, se a queda do avião foi intencional, o piloto pode ter incapacitado todos a bordo ao despressurizar o avião enquanto era o único a utilizar máscara de oxigênio.

4. Como ninguém avisou que o avião estava totalmente fora de rota?

Mesmo que todos os passageiros estivessem incapacitados ou não tivessem se dado conta de que algo estava errado, como o avião evitou ser detectado por outros radares?

Na última semana, os investigadores disseram que a última localização conhecida do voo MH-370 era no oeste da Malásia. Ele pode ter voado quilômetros por um corredor ao norte ou outro ao sul, baseado em estimativas de quanto combustível o avião teria no tanque.

A rota mais ao sul, até agora, é a mais provável, pois a norte passa por diversos países e é impossível que a aeronave não fosse detectada em nenhum momento. O avião teria sobrevoado países com um espaço aéreo extremamente vigiado, como Índia, China e Paquistão.

Ainda assim, e o espaço aéreo entre a Malásia e o sul do Oceano Índico? Um avião poderia passar por ali sem ser detectado por nenhum radar?

Segundo Michel Colomès, colunista do site francês Le Point.fr, a aeronáutica malaia cometeu uma série de erros  em relação ao voo MH-370. O sistema de defesa do país se mostrou incapaz de encontrar o rastro de um avião que havia, no entanto, aparecido nos radares.

Existem dois tipos de radares: os civis e os militares. Os primeiros recebem apenas as informações que lhes são transmitidas, enquanto os segundos captam tudo o que se mexe no espaço aéreo de um país.

No caso do voo MH-370, já se sabe que os sistemas de transmissão automática pararam bruscamente de emitir sinais, o que pode significar ou que alguém os desligou, ou que houve alguma falha mecânica.

Entretanto, os radares da defesa aérea da Malásia haviam percebido uma aeronave que se acredita ser o voo MH-370. Eles até tinham demonstrado que o avião tinha uma conduta estranha, que mudou de rota e altitude várias vezes. Todas essas manobras eram claramente irregulares e precisaram de muito tempo para serem feitas. Em nenhum momento a aeronáutica malaia agiu, ainda que continuasse observando tudo o que estava acontecendo.

Esta atitude é completamente irregular para uma aeronáutica. Em caso de dúvida sobre a trajetória de um avião e na falta de uma identificação segura, é preciso imediatamente começar a perguntar aos aeroportos próximos e às companhias aéreas toda e qualquer informação sobre aquela aeronave. E, se não é possível encontrar nada, deve-se enviar um caça para fazer a identificação visual.

Nada disto foi feito pela defesa aérea malaia. 

5. O capitão e/ou o co-piloto estavam envolvidos?

Uma das poucas conclusões que se tem até agora é que a mudança de rota foi uma ação intencional de alguém dentro do voo.

O voo MH-370 mudou pelo menos duas vezes de rota. De início, voou de volta na direção da Malásia, para o sul; em seguida, foi para noroeste.

O Primeiro-ministro malaio, Razak, declarou que “nós podemos dizer com um alto grau de certeza que as comunicações da aeronave foram desativadas logo antes de o avião chegar à costa da Malásia peninsular. Logo depois, o transponder foi desligado”. A partir deste ponto, o radar da Força Aérea Real Malaia detectou uma aeronave que se acredita ser o voo MH-370 mudando constantemente de rota. Estes movimentos só poderiam ser ações deliberadas de alguém dentro do voo.

As atenções voltaram-se para o capitão, Zaharie Ahmed Shah, para o co-piloto, Fariq Hamid, e para qualquer um que pudesse ter conhecimentos de aviação dentro do avião. Afinal, para desligar todas as comunicações e voar uma longa distância é necessário ter experiência em pilotar.

Investigadores dizem que as hipóteses de terrorismo, falha mecânica ou incêndio a bordo ainda não foram descartadas. Mas as explicações sobre o que realmente aconteceu ainda continuam muito distantes.