Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sexta, 27 de Setembro de 2024

Para economistas, inflação será maior nos meses da Copa

24/02/2014

São Paulo - Os analistas fazem coro ao dizer que a inflação mensal de junho e julho terá na Copa do Mundo um forte componente sazonal de alta. Mas a realização do evento em si e o consequente aumento da demanda por bens e serviços não são os únicos fatores para a variação de preços. A restrição de oferta em alguns setores e a deficiência estrutural do Brasil, que ficarão mais evidentes durante o Mundial, serão um agravante para turbinar a inflação no período.

O economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, entende que o problema da oferta ficará mais evidente durante o Mundial. "Se em outros países a inflação foi afetada pela Copa, no Brasil vai ser agravada pela restrição de oferta. Então, aqui vai ser pior", ressaltou Combat.

O professor de Economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) Reginaldo Nogueira alerta que é preciso ter cuidado ao se falar em reajuste abusivo de preços. "Como o Brasil tem incapacidade de oferecer infraestrutura de serviços para essa demanda toda, a variável que ajusta isso é o preço. É um movimento normal de mercado", diz.

O setor aéreo é um exemplo de oferta pressionada, segundo Nogueira. "Não se fez os investimentos necessários em aeroportos. Não se conseguiu aumentar a oferta como deveria. Se há um número limitado de voos e de assentos, o preço vai subir, até reduzir a demanda", afirma.

Dada a falta de infraestrutura, nem o estabelecimento de um teto para as tarifas de passagens aéreas durante a Copa do Mundo, adotado pelas companhias Azul e Avianca (no valor de R$ 999 por trecho), deve impedir a variação de preços. "É mais uma estratégia de marketing", diz o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat. "As companhias até teriam capacidade (de elevar a oferta), mas mais uma vez se tem gargalo em relação à própria estrutura de aeroportos."

"O ajuste de preços vai ocorrer, respondendo às condições de oferta e demanda, e isso é normal. A função do empresário é maximizar o lucro da empresa, senão ele vai pra rua", diz, lembrando que, há dois ou três anos, as companhias aéreas passam por dificuldades. "O problema está na atuação do governo, que não oferece condições e incentivos para que a concorrência do setor aumente."

 

Prates, no entanto, não acredita em uma elevação "absurda" de preços. Na sua avaliação, os aumentos serão similares ao verificado em outras datas de alta-temporada no Brasil, como carnaval e fim de ano. Além disso, ele afirma que, no período da competição, haverá uma substituição dos turistas corporativos por aqueles que buscam lazer, e a maior parte das pessoas que vão aos jogos costuma estar próxima dos locais em que eles ocorrem. "Tudo isso sinaliza que a demanda não deve crescer tanto quanto se imagina algumas vezes."