Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sexta, 27 de Setembro de 2024

Milhas viram moeda na web

03/02/2014

A conversão de milhas aéreas em dinheiro ganha cada vez mais adeptos no Brasil. Apesar dessa prática ser considerada arriscada e ilegal, na internet pipocam ofertas de venda de pontos, principalmente no site Mercado Livre, onde dezenas de pessoas oferecem seus pontos. As principais companhias aéreas prometem punição a quem lança mão dessa prática, ameaçando até mesmo com a expulsão de seus programas de fidelidade.

A busca de um site seguro para fazer esse tipo de transação exige muito cuidado e atenção. No site Hotmilhas, por exemplo, é necessário fornecer dados pessoais como CPF, endereço, telefone, e número da conta bancária para o depósito. Para o consultor Marco Antônio Machado, o risco é sempre iminente e essa prática exige o máximo de atenção. “Os fraudadores vão se sofisticando a cada dia, cada vez mais. Além disso, de maneira geral temos uma legislação bastante leniente com o crime e, nesse caso, a vítima passa a ser responsável pelo próprio ato”, alerta. Em média, embora o pagamento seja feito na hora, as agências que fazem esse tipo de intermediação levam um mês para efetuar o depósito.

Criada há um ano e meio, a start-up mineira MaxMilhas detém uma plataforma que faz a intermediação da compra e venda de passagens aéreas emitidas por milhas, na qual garante total segurança. No site, é possível verificar os preços das companhias aéreas, o volume de milhas necessária para cada voo e ainda as ofertas cadastradas pelos ofertantes.

“O sistema funciona da seguinte maneira: quem precisa comprar passagens faz uma busca no site e avalia se compensa ir direto na companhia aérea ou usar as milhas de alguém. Em uma simulação, por exemplo, o usuário que utilizasse a plataforma economizaria quase R$ 200 ao comprar passagens de ida e volta entre São Paulo e Rio de Janeiro”, explica o idealizador Max Oliveira, 28, que, com os sócios Conrado Abreu, 28, e Hiran César, 29, investiram R$ 28 mil para dar início às operações da empresa.

Neste caso, diz Oliveira, o interessado faz a escolha do pacote de milhas, envia seus dados e o site faz a comunicação ao proprietário das milhas, que, por sua vez, precisa ir até a companhia aérea adquirir as passagens.

“Quem determina o preço das milhas é o próprio dono, que tem até 12 horas para fazer a compra depois que encontra um interessado”, completa. Após a confirmação da compra, o localizador do voo deve ser enviado para a central da start-up e o dinheiro da venda chega na conta bancária do vendedor em até 20 dias.

O público-alvo da start-up são as classes A, B e C, e o modelo de receita tem como base a comissão cobrada sob as negociações intermediadas dentro do site (15% do vendedor das milhagens). Segundo Oliveira, os destinos mais procurados são Chile e Argentina e, no Caribe, Punta Cana. A MaxMilhas gerou 11 empregos diretos e seus criadores pretendem, dobrar o número de vagas até dezembro.

Escambo

Juros. Para a Associação de Analistas do Mercado de Capitais (Apimec), sistemas de pontuação que crescem exponencialmente no varejo são um escambo com “altos riscos jurídicos”

 

Virou vício para consumidora
Vidrada em milhas, a relações públicas Fernanda Lisboa, 38, concentra todos os seus gastos em cartões de crédito, com um único objetivo: viajar cada vez mais, para diferentes lugares. “Evito pagar com dinheiro ou no débito. Quando estou próxima de perder, emito bilhete mesmo para destinos próximos”, conta.

No ano passado, Fernanda viajou para Argentina e Chile usando milhagens acumuladas. E revela que faz pelo menos três viagens por ano, sempre de graça. O dinheiro que ela economiza com passagens aéreas, revela, é gasto em bons restaurantes.

Saiba mais

- 80% das milhas cambiadas por passagens aéreas têm sua origem em compras efetuadas por meio de cartões de crédito

- Um empresário de São Paulo está prestes a entrar no Guiness Book por ter negociado no site MaxMilhas nada menos que 1 milhão de pontos. Ele recebeu em troca R$ 50.000