Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Sexta, 27 de Setembro de 2024

Inflação da Copa e os reflexos em São Paulo

28/01/2014

O ano de 2014 já chegou e o que esperamos agora é a Copa do Mundo acontecer de fato no Brasil. Entre tantos assuntos relacionados a esse megaevento esportivo, como os atrasos das construções dos estádios, um veio à tona e está em evidência, que é a inflação do país ser influenciada pela Copa.

Comprovação oficial

Com estimativas do Banco Central divulgados em seu relatório trimestral de inflação, no fim do ano passado, informam que tanto a Copa de 2014 como as Olimpíadas de 2016 implicarão diretamente no aumento de dois pontos percentuais no IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo), que atualmente está em 5,8%, considerado um tanto elevado, já que a meta do governo é de baixar esse índice para 4,5% até o fim de 2014, e o estudo do BC afirma que isso jamais será atingido.

Esses dados levaram o relatório concluir que o "comportamento de preços no Brasil será o pior do que visto em outros países que sediam grandes eventos esportivos", justamente por conta dessas duas competições serem realizadas em um curto período de tempo, sendo que normalmente, um país que recebe um evento desse porte tem apenas o impacto de um ponto percentual na inflação.

"Eu já sabia"

Todos sabemos que, muito antes desses dados financeiros, ninguém precisaria de uma "bola de cristal" para ver os preços sendo inflacionados em decorrência da Copa no Brasil.

Porém, o "jeitinho brasileiro" de tirar um aproveito dessa ocasião foi muito além, pois muitas empresas na área de serviços principalmente, já haviam elevado os preços de forma abusiva, como se quisessem descaradamente extorquir os "gringos" que virão para cá, parecendo tratá-los não como turistas com poder de compra, e sim, como "vítimas para um assalto".

Passagens aéreas e as tarifas elevadas

O primeiro exemplo de prática abusiva foi divulgado na matéria da Folha de S.Paulo, que exemplificou a cobrança da passagem pela Tam na ponte aérea Rio-SP custar 2.393 reais para o dia 12 de junho (data da abertura da Copa) e depois comparou esse custo como o equivalente a uma viagem a Paris ou a Nova Iorque.

Mesmo com o presidente da Embratur ter acionado o Ministério Público e órgãos de defesa da concorrência para investigar essas práticas abusivas das companhias aéreas, que cobraram quase 1000% a mais para estes dias de jogos, os preços das passagens parecem não ter diminuído tanto.

Conforme divulgado nesta matéria mais recente, no site internacional Bloomberg, informa que as duas maiores companhias aéreas, Tam e Gol, "estão elevando os preços para até 10 vezes mais que a sua tarifa regular durante a Copa do Mundo", justificando como uma medida para compensar o aumento esperado em seus custos por causa dos aeroportos apertados e com má organização. Ou seja, uma "desculpa esfarrapada" detectada e a velha mania, de sempre jogar a culpa no outro, nesse caso, segundo essas companhias, os culpados pelo aumento do preço são os aeroportos defasados.

Só para ter uma noção do abuso, o site exemplificou os preços das passagens de São Paulo para o Rio de Janeiro, para o dia 13 de julho (data da final da Copa). No site da Tam, os preços variam entre 940 e 2.300 reais, sendo que para semana seguinte o mesmo voo custa 452 reais e para um mês seguinte, 221 reais. No site da Gol, o preço é de 2.100 reais.

Em contrapartida, a Azul Linhas Aéreas e Avianca, neste mês de janeiro, resolveram adotar voluntariamente a cobrança pelas suas passagens no valor máximo de 999 reais para o período da Copa. Uma boa iniciativa por parte dessas empresas, mas mesmo assim, era necessário uma ação mais incisiva do governo no monitoramento da política de preços adotada por todas as companhias aéreas, para que os consumidores pudessem entender com mais clareza, a variação dos preços cobrados.

Especulação no aluguel em volta do Itaquerão

Não só as empresas, mas os moradores de Itaquera, zona leste de São Paulo, resolveram também tirar um aproveito para o período da Copa. Devido a inexistência de rede hoteleira na região, eles estão alugando os seus próprios imóveis para recepcionar turistas que verão os jogos no futuro estádio do Corinthians.

Conforme mostrado na matéria da UOL Esporte, a especulação nos preços de aluguel pedidos por esses moradores, variam entre 38 mil e 120 mil reais, por um mês de estadia. Sendo que um corretor especializado na região, oferece 50 imóveis para o mesmo período, com preços até de 15 mil reais e ele afirmou que até agora, não apareceu alguém interessado. 

Mais um exemplo de "caça-vítimas", como se esses moradores se comportassem como verdadeiros "vampiros" à espera de suas "presas", e o que puderem sugar delas, eles vão sugar. "Esse povo tá sonhando", como o próprio corretor afirma sobre os que estão pedindo esses preços abusivos.

Sonhar não é proibido, mas um pouco de informação é necessário, pois a matéria também relata sobre os turistas que irão ao Itaquerão, de não pretenderem se hospedar nas imediações, por ser um local longe de aeroportos, e o perfil deles é de terem dinheiro para se locomoverem a outras cidades-sede da Copa do Mundo. E um outro ponto também levantado, é que se realmente houvesse a demanda nessa região, a grande procura seria nos últimos meses de 2013, já que esses mesmos turistas planejam as suas viagens para um evento, com antecedência.