Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Quarta, 25 de Setembro de 2024

Procon-RJ entra com ação contra empresas aéreas por preços abusivos na Copa

05/11/2013

Rio de Janeiro – Os valores das passagens aéreas para o período da Copa do Mundo de 2014 levaram o Procon do Rio de Janeiro a ingressar com uma ação coletiva na Justiça Federal contra as empresas TAM, Gol, Azul e Avianca/Oceanair por prática de preços abusivos, além da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pela falta de fiscalização e coibir a cobrança. O assessor jurídico do Procon-RJ, Rafael Couto, explica que, por ser um serviço público concedido, as companhias não podem praticar preços de mercado conforme a demanda, como ocorre com as diárias de hotéis nos períodos de grande procura.

 

“Os hotéis são um setor privado, as companhias aéreas funcionam no mercado através de uma concessão, o transporte aéreo é um serviço público. Quem outorga a concessão é a agência reguladora, que seria a Anac, então um serviço público não pode ficar refém da lei da oferta e da demanda, não é assim que funciona para as concessões de serviços públicos”, alegou.

Na ação, o Procon-RJ pede a devolução do dinheiro pago para quem já comprou a passagem a preços abusivos e multa diária no valor de R$ 50 mil para a Anac, caso a agência reguladora não fiscalize as empresas ou deixe de aplicar multas em decorrência dos preços abusivos.

Agência Brasil fez hoje (4) uma pesquisa de preços nos sites das empresas, citadas na ação, no trecho São Paulo (Aeroporto de Congonhas) para o Rio de Janeiro (Aeroporto Santos Dumont), no dia 10 de maio, um mês antes do início da Copa do Mundo 2014; e no 12 de julho, véspera da final da Copa.

Na companhia Gol, a passagem sai a partir de R$ 103,90, no dia 10 de maio, e sobe para R$ 816,90, no dia 12 de julho, ambas na tarifa básica. Na TAM, o valor varia de R$ 85 para R$ 845. Pela Avianca, o preço passa de R$ 83 para R$ 799. A Azul não opera o mesmo trecho, mas o valor para os mesmos dias saindo do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos - Governador André Franco Montoro, o valor passa de R$ 124,90, em maio, para R$ 959,90, em julho.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que as passagens aéreas subiram 131,5% (acima da inflação) de 2005 a 2012. Já a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear) sustenta que o preço médio da passagem caiu de R$ 575,47 para R$ 294,83 no período analisado, com redução 48,77%, ante inflação de 50,17%.

A Abear, que representa as companhias citadas na ação, informou, em nota, que na última quinta-feira (31), em Brasília, representantes do Ministério da Justiça, das companhias aéreas, da Secretaria de Aviação Civil e da Anac se reuniram para definir “procedimentos para ajustar a oferta de assentos à demanda por transporte aéreo para a Copa do Mundo de 2014.” De acordo com a entidade, a oferta atual de passagens para o período do campeonato está com distorções, já que “a malha aérea desenhada para atender às necessidades dos passageiros durante o Mundial poderá ser definida a partir do sorteio dos grupos para a competição, no início de dezembro, e os bilhetes deverão estar disponíveis para aquisição a partir de janeiro do próximo ano”.

A Anac informou que ainda não foi notificada sobre a ação movida pelo Procon, e só irá se pronunciar após o recebimento da notificação. Em nota, a agência diz que está trabalhando com as empresas para adequar a malha aérea à oferta e à demanda prevista para as cidades-sede da Copa, o que só poderá ser definido após o sorteio dos grupos que jogarão em cada cidade. “A flexibilização da malha impacta em uma maior oferta de voos e, consequentemente, deve contribuir para conter a alta no preço das passagens ofertadas que tende a ocorrer em qualquer setor em períodos de alta demanda”, diz.

Segundo a agência, um comitê interministerial foi criado para “acompanhamento dos preços, tarifas e a qualidade dos serviços oferecidos por diversos segmentos durante a Copa” e que os preços das passagens para o evento serão monitorados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao Ministério da Justiça.