Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo
Domingo, 22 de dezembro de 2024

À espera do fim do mistério

11/07/2012

 

Familiares das 16 vítimas da tragédia com o voo 4896 da Noar Linhas Aéreas se encontrarão, no próximo dia 18, com representantes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável pelo inquérito que apura as causas do acidente.
 
A esperança dos parentes, que sofrem com a falta de informações a respeito das diligências, é que o órgão apresente respostas sobre o andamento das investigações. A reunião ocorrerá cinco dias após a tragédia completar um ano. O bimotor da Noar caiu em um terreno baldio na Zona Sul do Recife, em 13 de julho de 2011.
 
Nessa segunda-feira (9), pela primeira vez desde a queda da aeronave LET-410, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) reuniu-se com os familiares para divulgar resultado do inquérito administrativo. Após três auditorias realizadas na Noar, 148 autos de infração foram emitidos.
 
Depois de 4h30 de conversa com o diretor da Anac, Carlos Pellegrino, e a superintendente de Regulação Econômica da agência, Danielle Crema, os integrantes da Associação dos Parentes e Amigos das Vítimas da Noar (Apav-Noar) saíram insatisfeitos.
 
Grande queixa do grupo diz respeito à demora da Anac para procurar as famílias. “Disseram que não conseguiam nos encontrar e que só descobriram nossos contatos há dois meses. Como, se boa parte de nós foi extremamente acessível durante todo esse tempo? Também não entendemos porque aquele tipo de aeronave voava no País”, indagou o presidente da Apav-Noar, Geyson Soares, irmão de Marcos Ely, que morreu no desastre.
 
Geyson acrescentou que a reunião com o Cenipa foi solicitada pela Apav-Noar. “Fomos informados que o resultado do inquérito seria divulgado pela internet. Não queremos essas informações expostas antes de uma conversa com os responsáveis pela investigação.” Nesta sexta, quando a tragédia completa um ano, os familiares participarão de missa na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Eles também pretendem levar flores ao local da queda do avião.
 
Em nota, a Anac informou que, dos 148 autos de infração emitidos, 62 são contra a Noar, 85 contra os comandantes e um para o diretor de Manutenção da empresa. Os autos foram produzidos desde a época da tragédia até dezembro de 2011. A multa para a empresa, por não atender às recomendações, pode variar entre R$ 6 mil e R$ 7 mil. Para os tripulantes, as multas podem chegar a R$ 3,5 mil. A Noar recorreu das sanções e o recurso encontra-se na Anac para ser julgado em primeira instância.
 
Ainda segundo a agência, foi comprovado que os comandantes deixaram de anotar informações no diário de bordo, fato que ocasionou todos os autos de infração para a Noar. “Esperamos que a Polícia Federal utilize o resultado deste inquérito elaborado pela Anac”, afirmou Taciana Guerra Farias, mãe do dentista Raul Costa Farias, que morreu seis meses antes de concluir o mestrado.
 
Em nota, a Noar afirma que os autos não são relacionados ao acidente. “São providências administrativas, previstas em lei, foram emitidos após o acidente, e estão sendo contestados pela Noar e serão contestados judicialmente, se necessário”. A empresa explica que foi homologada pela própria Anac e que o órgão realizou vistorias à empresa, sendo a última três semanas antes da tragédia. “Nos últimos meses, com base em investigações de dois sinistros, o Cenipa emitiu 22 recomendações acerca da operação do equipamento LET-410. Dessas, 14 são relacionadas à homologação da referida aeronave no Brasil”, completa a nota.